
Uma das coisas que
me chamou a atenção nessa matéria foram os comentários dos leitores. Muitos
criticam a consultoria que foi entrevistada pelo jornal: alguns a acusam de ter
influenciado na compra de bens de alto valor, que facilitaram a aquisição de
créditos pessoais, que não acompanharam as famílias... enfim, até onde
acompanhei, os nossos irmãos portugueses estavam furiosos com a reportagem, com
a empresa que fora entrevistada.
Mas
esse não foi o único ponto que me chamou a atenção. Talvez não seja certo fazer
isso, mas não julgando quem está certo ou errado sobre o caso da consultoria que acusam (eu particularmente não tenho
conhecimento de causa para julgar isso), percebemos que a situação dos portugueses,
senão da maioria dos europeus, é muito delicada. Quando se trata de finanças
pessoais, apesar deles terem um melhor nível de educação financeira (como se
aponta em alguns estudos), a grande massa está em enormes apuros. Alguns, de
acordo com comentários, não conseguem mais pagar suas contas: se endividam
ainda mais e, com a pressão emocional em patamares talvez nunca experimentados,
chegam a cometer suicídio. O governo português, nos últimos anos (na última década),
subsidiou inúmeros itens da vida do cidadão português: casa, carro, bens de
consumo (soa familiar?). Enfim... por ter proporcionado um conforto exagerado à
população, hoje o cidadão português sofre as consequências, bem como toda
Europa (pois isso é um padrão comportamental na maioria dos outros países: o
paternalismo).
Apesar de se ter diferenças culturais marcantes e uma situação
sócio-político-econômica diferente, o brasileiro tem que tomar cuidado. Pode ser que não
ocorra nada do que hoje ocorre na Europa, mas não custa nada prevenir. Temos muitos
programas sociais e subsídios que têm a boa intenção de diminuir as diferenças
sociais, e isso é louvável. Mas como bom mineiro, sou bem desconfiado – é como
diz um antigo dito: “De boas intenções o inferno está cheio”.
Devo
ter dito em outros artigos que os povos latinos são naturalmente imediatistas e
indisciplinados. Infelizmente isso é verdade. MAS indisciplina e imediatismo são
hábitos e todos os hábitos podem ser modificados: se as pessoas, primeiro,
tomarem consciência deles; e, principalmente: FIZEREM UM ESFORÇO REAL, PERSISTENTE E CONSISTENTE PARA MUDÁ-LOS.
Depender do governo não deve ser uma opção. Nunca! Devemos trabalhar fortemente
naquilo que nos propusemos a fazer, construir aos poucos nossas vidas, sermos
felizes com aquilo que temos e nos educarmos durante a caminhada tanto formalmente,
quanto financeira, social, ambientalmente... Educação é a chave-mestra: sempre
foi! Mas não falo simplesmente da educação ‘formal’, conseguida em instituições
de ensino e nos livros. Esse tipo de conhecimento está disponível, reunido e
organizado, em verdade, para quem quiser nas faculdades e bibliotecas espalhadas
pelo País. Eu falo de uma educação diferente, da que realmente constrói o ser
humano, suas relações e o mundo através da PRÁTICA: aquela que reúne o “saber como fazer” (teoria) e,
especialmente, o “saber fazer” (prática). Mudar a vida das pessoas, mesmo que um
pouquinho, simplesmente por ter prestado o seu melhor serviço.
Ah!
Por fim, recomendo que leiam a reportagem (aqui) e, se possível, grande parte
dos comentários dos portugueses: não queiram ser como eles daqui a 10 ou 20
anos. O que parecia ser a melhor coisa do mundo naquela época (década de 90),
hoje, para eles, é o inferno na terra. Então, lembrem-se: pensamento crítico, razão e cuidado!
Bom feriado!
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Muito boa a matéria!
ResponderExcluirabços
ITM