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19 de março de 2012

Economia nacional e decisão de consumo

Não sou economista. Mas pelo que tenho observado em notícias recentemente, parece que o Brasil está entrando numa fase de desaquecimento econômico, ou, de forma mais leve, uma desaceleração devido ao que vem acontecendo no mundo afora. A indústria brasileira, para se ter ideia, está enfrentando desafios que antes eram vivenciados apenas no ambiente de competição internacional: custos, rentabilidade, margens dentre outros itens eram sentidos com bastante força perante gigantes asiáticos, os EUA e a Europa. Mas, como sabemos, as coisas mudaram. O mundo, devido à crise, desacelerou, está em fase de vários ajustes e a economia brasileira (ao menos nos últimos dois anos) continuou forte. Isso chamou a atenção de quem não estava conseguindo crescer (ou ao menos se manter vivo) no mercado. Ou seja: a competição, antes em ambiente internacional, veio para dentro do país.

Para a indústria grandes desafios antigos se tornaram evidentes: custos internos elevados (energia elétrica, impostos, mão-de-obra) e o câmbio valorizado faz com que produzir no Brasil saia mais caro; diante disso as empresas estão importando insumos, o que faz com que os produtos fiquem mais competitivos para elas - alguns economistas dizem que esse fato pode provocar (se já não está provocando) a chamada desindustrialização. Na outra ponta, o varejo também sofre: ao comprar os produtos da indústria nacional, compra-se com um custo mais elevado. Para se ter algum lucro, deve repassar ainda mais caro para o consumidor. Só que tem uma coisa: da mesma forma que para a indústria importar ficou mais barato, para o consumidor também ficou - é mais vantajoso comprar lá fora do que aqui dentro.

Efeito em cadeia: o consumidor importa e não compra do varejo; o varejo não vende (ou vende pouco) porque os produtos estão caros, perdendo competitividade; a indústria não produz no Brasil, mas importa para compor seus produtos que ainda se encontram caros para o mercado nacional. E sabe o que é complicado? O trabalhador tende a sofrer com isso. Apesar de que ainda estamos num momento em que se tem muitos empregos, um fato, relatado no Jornal Valor Econômico (19/03/12 - "Indústrias do ABC paulista sentem queda na demanda e já demitem"), me chamou a atenção. Um jovem, Juliano Fernandes, antes trabalhava como operador de máquinas na produção da dobradiça do porta-malas do Celta, numa fábrica da GM no interior paulista. Ele foi demitido porque, com a diminuição das encomendas, seu trabalho (muito específico) tornou-se desnecessário. Mas o que mais me preocupou, nas palavras do jovem de 19 anos: "Comprei uma moto, mas ainda faltam 20 prestações de R$ 300 para pagar." Ele é jovem, tem tempo, deve estudar, se especializar, com determinação e energia conseguirá um bom emprego em breve.

Mas quero atentar para a decisão de consumo. Já deixo ressalvas de que cada caso é um caso, especialmente quando se trata de assuntos relacionados a aquisição de bens. Mas fico pensando: será que, neste momento, era fundamental a aquisição de uma moto financiada? Faltam ainda R$ 6.000,00 para serem pagos em um pouco mais de um ano e meio que, talvez, pudessem ser direcionados para a melhoria na formação desse jovem e, no médio prazo, possibilitar que ele tenha uma melhor colocação e consequente melhor remuneração. Quantas vezes a gente não depara com esse tipo de situação e, não raro, tomamos a decisão que mais agrada nosso ego e nosso status perante outras pessoas? Como disse, ele deve conseguir trabalho rapidamente. Mas e se fosse outro momento em que as coisas estivessem complicadas? Lembre-se de que o primeiro investimento deve ser numa reserva de emergência e, talvez até antes dependendo do caso, em seguros.

Que reflexão quero trazer com esse post: cuidado com suas decisões de consumo. é bem verdade que tem certas coisas que se não fizermos em algum momento jamais a realizaremos. Mas, mesmo assim, cuidado!

É só para refletir e para relatar o que está acontecendo na economia brasileira e mundial.

Boa semana!

5 de março de 2012

Investimento pra elas!

Há algum tempo atrás, assuntos relacionados a investimentos eram coisas de homem: inflação, Selic, Bolsa de Valores, Petrobrás, Vale, CDB... um monte de financês e economês que até mesmo alguns dos próprios homens não sabiam do que se tratava...

Essa realidade mudou: a mulher hoje é bem mais independente - compartilha as tarefas domésticas caso tenha um companheiro ou assume tudo sozinha; cuida dos filhos; trabalha; lidera; estuda (e atualmente tem estudado muito mais que grande parte dos integrantes do Clube do Bolinha); investe; enfim... vem ganhando cada vez mais espaço e com muita rapidez.

Porém, mesmo assim (e penso que é um processo evolutivo), grande parte das mulheres investem na tradicionalíssima e "segura" Caderneta de Poupança. Usar a Caderneta de Poupança para criar um fundo de emergência ou poupar para comprar um bem à vista no curto prazo não tem problema algum - geralmente é a melhor estratégia, inclusive.

Mas, se é para garantir o seu futuro, sua aposentadoria, a tranquilidade que todos queremos ter, a caderneta de poupança pode não ser a melhor opção. Primeiro: atualmente a inflação está consumindo a rentabilidade mensal do produto financeiro. Por exemplo: se uma pessoa coloca R$ 1.000,00 na caderneta de poupança hoje, no mês que vem o valor do principal mais o rendimento (hoje na taxa de 0,6% a.m.) será de R$ 1.006,00. Só que se a inflação for de 0,5% nesse período, a rentabilidade real cai para R$ 1.001,00. "Onde foram parar os R$ 5,00 do meu investimento?" Calma, calma. O valor será de R$ 1.006,00, mas o seu poder de compra foi vigorosamente diminuído. No longo prazo (e, portanto, em um investimento importante) esse fator é crucial e determinante para que a mágica dos juros compostos funcione de forma muito favorável a você!

Certo. Entendemos que caderneta de poupança pode ser usada para fundo de emergência e para poupar para compras de curto prazo. Mas, então... onde investir?

Primeiramente, dinheiro tem que ter finalidade. Determine qual o seu objetivo: uma casa, um carro, um curso no exterior, aquela viagem dos sonhos, o intercâmbio... sonhe, defina o que você quer e coloque PREÇO.

Segundo: qual é o prazo, o horizonte de tempo que você quer ou imagina poder conquistar seu sonho? Seja realista. Sonhar faz bem e alimenta a motivação, mas trate de ser prática nesse momento de realidade.

Terceiro: qual o seu perfil como investidora? Responder essa pergunta já define o escopo dos investimentos que não vão tirar seu sono. Você é conservadora, é moderada, é arrojada? Existem testes na internet e, inclusive, nos bancos para determinar seu perfil. Além do mais, o resultado dos testes é muito relativo: você pode ser considerada conservadora, mas experimentar o ambiente de bolsa de valores!

Quarto: quanto de dinheiro você tem disponível para investir? Aqui começamos a desenhar melhor o plano de investimentos. A partir do montante mensal destinado ao investimento é que podemos ter ideia de quais produtos financeiros acessar. Por exemplo: com um pouco menos de R$ 200,00 você pode acessar os títulos do tesouro direto (em que você se torna credora do Governo Federal), dependendo de qual título você escolher. Acesse o post no blog do professor Elisson de Andrade e aprenda O que é Tesouro Direto. Ainda mais: com menos de R$ 200,00 (desconsiderando taxas) você consegue comprar ações! Isso mesmo: consegue ser investidora na bolsa de valores! E sabe o que é mais interessante sobre o público feminino e a bolsa? As mulheres sempre são mais conservadoras que os homens nesse ambiente. Além do mais, têm a família como preocupação principal - características positivas para quem pensa em investimentos de longo prazo. O público feminino não conta com o dinheiro imediatamente, têm um prazo de sete, dez anos. Além disso, querem dar melhores condições de vida aos filhos e, no futuro, abrirem o próprio negócio. Pensam na longevidade - querem viver mais e viverem bem.

Usando as palavras do amigo Eduardo Leitão: "a bolsa tem a obrigação de ter crescimento patrimonial acima das outras aplicações, pois ela é composta por empresas, e não por capital somente."

Por fim, seguem algumas orientações básicas:

Se informe. Leia muito a respeito, converse com as pessoas mais experientes antes de dar o primeiro passo.

Planeje. Se ainda não tem dinheiro para comprar ações, reserve uma quantia por mês e aplique em Fundos de Renda Fixa, que tem um rendimento maior que a poupança. Não fique achando que, por não ter dinheiro, não há como investir. É preciso começar de algum lugar. Tente reservar pelo menos 10% do seu salário.

Perca o medo. O medo diminui quando se está bem informado. Todo mundo sabe que existem riscos. Se tiver muito medo, não entre. Espere mais um pouco e se informe mais. É um investimento de risco, mas riscos nós passamos todos os dias das nossas vidas.

Cuidado ao escolher as ações. Num primeiro momento, é preferível escolher empresas mais estáveis como a Petrobrás e Vale, que são as mais procuradas. O rendimento é tão bom quanto as outras, porém os riscos de perda são bem menores.

Invista sempre. O retorno vem a longo prazo. Mais importante que investir muito é investir sempre.

Não compare rendimentos. Se você comprar ações de uma empresa X de manhã e outra pessoa comprar horas depois, os rendimentos serão diferentes. Não se paute no lucro dos outros. Investimento é único, não tem como comparar.

Tenha paciência. Quem investe pensando no futuro geralmente se sai melhor.


Caso tenha alguma dúvida, fique à vontade para deixar seu comentário.

Bons investimentos!