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1 de dezembro de 2013

11 maneiras de ser bem sucedido na vida

Sucesso é um conceito que tende a ser bastante pessoal e depende da sua forma como enxerga o mundo, não é? O paradigma da maioria das pessoas no mundo de hoje relaciona o sucesso financeiro, a fortuna financeira, como medida de sucesso de uma pessoa. Um pouco cruel, mas essa é a “verdade” dos últimos tempos. Bom, mas não precisa ser assim.

Na verdade todos nós somos seres bem sucedidos, de uma forma ou de outra. E isso é uma verdade bastante perceptível. Se, por exemplo, você está com uns quilinhos a mais, saiba que você é uma pessoa bem sucedida: bem sucedida em ter uns quilinhos a mais! Se você não pratica atividade física, é sedentário, você tem sucesso em ser sedentário. Se você se reconhece como uma pessoa difícil de lidar, com gênio forte, arrogante, você também está tendo sucesso: provavelmente sucesso em afastar as pessoas de você. Se você não tem domínio sobre suas finanças, não guarda e muito menos investe dinheiro, tem uma vida difícil, espremida por conta de falta de auto controle pessoal e financeiro, é bem provável que você esteja tendo sucesso em ser pobre (ao menos financeiramente).

Percebe como essa questão do sucesso é bastante subjetiva e depende do ponto de vista? Você sempre foi e sempre será bem sucedido: a grande questão é que podemos decidir com o que queremos ser bem sucedidos. Ok, os seus quilinhos extras não te agradam; você está cansado de ter esse tipo de sucesso (acumular gordura). Então, o que você pode fazer para ter o sucesso oposto: ser mais saudável e eliminar (perder não, porque se você “perder” você pode achar) o peso extra? Ter sucesso em se alimentar melhor é um passo importante e fundamental, concorda? Pedir ajuda de médicos e especialistas também faz parte desse novo foco de sucesso. Ter sucesso em começar e continuar uma atividade física (caminhar, depois, quem sabe, correr, praticar dança ou outra atividade aeróbia) é mais um passo que você pode dar. Então importante quanto chegar lá é manter esse sucesso. Com a prática e a repetição você acaba fazendo com que esse hábito (e, bem verdade, qualquer outro hábito) se estabeleça em sua vida.

E nas finanças? Bom, você também pode construir uma relação bem sucedida oposta à relação de sucesso com a pobreza e a necessidade. Primeiro você tem que ter sucesso em registrar suas despesas, classificando-as, discriminando-as de forma bastante detalhada. Vai aprendendo, assim, a ter sucesso para observar e administrar seu comportamento, pois certos padrões aparecem de maneira muito clara quando você faz esse exercício. Além do mais, deve procurar ter sucesso em guardar parte daquilo que você recebe mensalmente para poder investir (com sucesso!). Dessa maneira você poderá construir uma relação diferente com seu dinheiro: da relação de sucesso com a pobreza para uma relação de sucesso com a riqueza e a acumulação.

Grande abraço!


PS.: as 11 maneiras de ser bem sucedido estão espalhadas pelo texto, conta aí que você encontra! ;-)

18 de novembro de 2013

Terceiro experimento: reforçando a importância

Artigo originalmente postado em Gestor FP.

Estamos quase no final dessa jornada que estuda um pouco sobre o autocontrole. Faltam mais três experimentos (você confere o terceiro logo abaixo) para fechar a pesquisa de Trope e Fishback. Vamos lá!

De acordo com os estudos de Trope e Fishback, os dois testes anteriores (primeiro experimento e segundo experimento) investigaram as táticas que as pessoas usam para avaliar como se comprometem com uma atividade que tem benefícios no longo prazo, mas algum custo no curto prazo.

Como vimos, por um lado atividades desagradáveis diminuem a disposição para que sejam realizadas, sendo que, ao mesmo tempo, podem ativar o controle contra ativo que, mesmo as atividades sendo desagradáveis, aumenta-se a disposição para a sua realização. O terceiro estudo examinou a forma pelo qual os impactos que o reforço da importância da realização de uma atividade desagradável trariam aos participantes do experimento. As pessoas podem fazer isso pensando em como uma determinada ação poderá trazer resultados positivos através do enaltecimento da importância, do interesse, das vantagens ao desempenhar tal atividade antes de se comprometer com ela ou mesmo decidir por realiza-la.

Os procedimentos para esse experimento foram iguais aos do primeiro teste (você pode acessá-lo aqui), exceto pela definição de uma medida para o autocontrole e para o comportamento: abstinência de consumo de açúcar por 6 horas para um grupo de participantes e abstinência de 3 dias para o outro grupo de participantes. A principal diferença é que, após explicado o procedimento aos participantes e eles terem registrado a importância da realização de tal procedimento para sua saúde, introduziu-se uma simples pergunta em que o teste tinha a intenção de extrair informações comportamentais: “Você pretende realizar o teste?”. Depois disso os participantes eram dispensados.

Os resultados coletados nesse experimento reforçaram o que já se previa: os participantes avaliaram o teste de forma mais positiva quando ele durava mais tempo (no caso, o teste de 3 dias). Além disso, por haver o reforço da importância da realização do teste, observou-se que as pessoas tendem a ativar o autocontrole quando são lembradas desse aspecto, mostrando que elas estavam mais dispostas a tolerar o desconforto por mais tempo, se necessário (já que o teste era importante).

Como podemos trazer essa informação para nosso mundo financeiro pessoal? Uma ideia é manter aquilo que queremos controlar ou alcançar em nosso campo de visão ou mesmo um contato regular com a ideia.

Exemplifico. Digamos que eu tenha a intenção de comprar um carro ao final de 12 meses e que ele custe R$ 20.000,00. O meu desejo é compra-lo à vista tanto para evitar desperdício de dinheiro pagando juros quanto, até mesmo, conseguir vantagens diante de uma compra tão vultosa. Meu salário é de R$ 4.000,00 reais e, depois de fazer um diagnóstico e analisar minha situação, percebo que consigo viver muito bem com ¾ desse valor, apesar de que tenho o costume de consumi-lo quase que em sua totalidade. Faço as contas e percebo que para alcançar meu objetivo no prazo determinado terei de poupar R$ 1.500,00 mensais por, praticamente, 14 meses (aqui estou desconsiderando efeitos inflacionários ou da possibilidade de aplicação do dinheiro para gerar juros a favor). Nesse momento já dá para se perceber que terei de fazer um esforço um pouquinho maior, enxugando algumas despesas para que eu alcance meu objetivo (lógico que isso depende do padrão e estrutura de custos de vida de cada um).

Ok: fazer as contas, identificar onde cortar despesas para chegar ao meu objetivo de poupança, realizar o depósito mensal. Tudo isso é muito lindo, especialmente no princípio do processo. Mas como eu me mantenho no rumo, até meu objetivo ser alcançado? Existem diversas formas e uma delas (alinhada ao que o terceiro experimento apresentou) é, por exemplo, “namorar” o carro desejado – vez ou outra dar uma olhada no veículo em uma concessionária, ou mesmo na internet, sempre reforçando a importância de compra-lo com o condicional de que tem que ser à vista (afinal, esse é o objetivo).

Geralmente, eu trabalho bastante focado: uma coisa de cada vez (nosso cérebro não consegue executar duas tarefas ao mesmo tempo, o que ele pode fazer é alternar a atenção). Então, quando eu desejo alguma coisa (concluir um projeto de trabalho, comprar algum bem, comprar uma viagem, etc) eu deixo isso na minha frente, o tempo todo no lugar onde costumo passar a maior parte do tempo. Quando bate aquela sensação de desânimo, olho para a foto, para a colagem (ou qualquer coisa que tenha o efeito de chamar minha atenção para meu objetivo) e lembro do quão seria importante ter ou alcançar aquilo que eu determinei. Ou seja: constantemente eu reforço a importância de alcançar a minha meta, seja qual for – diante disso consigo manter os meus esforços para chegar lá.

No próximo post falaremos sobre o quarto experimento que procurou avaliar se os esforços de autocontrole têm uma função não monotônica (nome esquisito, né?! Mas lá eu explico)


Até!

4 de novembro de 2013

Segundo experimento: o fator recompensa

Artigo originalmente postado em Gestor FP.

O primeiro estudo avaliou a disposição dos participantes a sofrerem uma penalidade caso falhassem na abstinência para a realização do exame médico; o segundo estudo avaliou a disposição dos participantes em cumprir o teste recebendo uma bonificação, um prêmio, ao invés de uma multa. Esse experimento teve como objetivo verificar se o desconforto temporário de uma atividade provocaria esforços de autocontrole quando a falha para executar tal atividade ameaçaria a realização de uma importante meta de longo prazo.

Os participantes se ofereceram para um estudo de doenças no coração e, como parte desse estudo, teriam que realizar um teste cardiovascular. Esse teste foi descrito como podendo ter baixo ou alto grau de desconforto físico. Também foi dito aos participantes que, caso cumprissem o teste, receberiam um bônus por ter feito parte do estudo. A grande questão era se os participantes fariam com que a bonificação, o prêmio, se tornasse o motivo para completarem o teste.

Primeiro os participantes responderam um questionário para que pudessem definir a importância de avaliar e melhorar sua condição de saúde. Depois disso, o estudo foi conduzido para definir os participantes em dois grupos de controle: a condição de alto desconforto, em que os participantes foram informados que o teste cardiovascular consistia em uma hora de exercícios físicos pesados e a coleta de várias amostras de hormônios feitas através de uma enfermeira – coleta descrita como “muito dolorosa”; enquanto que na condição de baixo desconforto, o teste consistia de uma hora relaxante (como ler um jornal ou um livro enquanto estivessem deitados numa cama) sendo que a mesma coleta de hormônios seria feita por uma enfermeira, mas, nesse caso, nada foi informado sobre dor aos participantes dessa condição.

Os participantes desse experimento foram alunos da Universidade de Tel Aviv e, após receberem a informação sobre o teste cardiovascular, eles decidiriam se queriam receber seu bônus antes ou depois do teste ser concluído (o bônus, no caso, eram créditos extras em seus cursos). A decisão de receber o prêmio pós-teste fazia com que o bônus se tornasse um fator de contingência para estimular o autocontrole.


Daí os resultados:


Essas descobertas apoiam a teoria do CCT em que as pessoas exercem seu autocontrole ao decidir realizar uma atividade física desagradável SE essa atividade estiver relacionada às suas metas no longo prazo. O experimento demonstra que, sob condições específicas, as ​​pessoas estão dispostas a se submeterem à realização de um teste físico desagradável se tiver como contingente uma bonificação. Os participantes poderiam ganhar o bônus sem fazer o teste cardiovascular. No entanto, quando os resultados do teste tinham a característica subjetiva de ser importante, foi pedido para que a gratificação fosse condicionada à realização do teste (bonificação pós-teste), especialmente quando ele era considerado altamente desagradável. Ao se impor essa contingência, os participantes arriscaram perder o bônus, mas, ao mesmo tempo, também se motivaram a realizar o teste cardiovascular mais pesado.

Vale atentar que isso só foi verdade para os participantes que consideraram a sua saúde como algo importante. Os participantes que não consideraram sua saúde como algo valioso tenderam a escolher a aceitar o bônus antes do teste, especialmente quando o teste esperado poderia ser difícil (alto desconforto). O fato de que apenas os participantes a quem a saúde era importante expressa a preferência de receber o prêmio depois e sustenta a hipótese de que a contingência auto imposta foi usada como um meio para superar a tentação de desistir de um objetivo valioso a longo prazo.

Esse experimento podemos relacionar o risco dos investimentos com a importância da aposentadoria, por exemplo. Vemos, na prática, que as pessoas que dão importância à se planejarem e a cumprirem um planejamento para a aposentadoria e que têm o perfil de investimentos mais arrojados (conservador, nessa analogia, seria baixo desconforto e arrojado/agressivo seria alto desconforto, diante da volatilidade dos investimentos) o que se espera é que se tenha um retorno maior das aplicações, podendo, inclusive, aplicar dinheiro em ativos que necessitem de maturação: algumas ações ou mesmo no mercado imobiliário físico, por exemplo. Na ponta inversa, se o investidor for conservador (mesmo com o quesito importância elevado) ele aceita ter um retorno menor (o bônus) em troca de menor volatilidade.

São questões para se pensar, concordam?

No próximo post falaremos do terceiro experimento que trata do reforço da importância antes de se estabelecer o compromisso com alguma atividade/objetivo.

Até!

21 de outubro de 2013

Que comecem os experimentos sobre o autocontrole!

Artigo originalmente postado em Gestor FP.

O assunto é longo, técnico, mas muito interessante para sabermos como nosso autocontrole funciona, visto que ele é uma das principais fontes de reclamação da maioria das pessoas: “eu não consigo controlar minhas finanças; passo em um shopping e acabo tendo que sair com alguma coisinha” – dentre várias outras falas que vocês mesmos podem citar. Pois bem, estratégias existem. Meios para se conseguir alcançar seus objetivos também estão aí, disponíveis. Às vezes o que falta é a informação necessária para aplicar tais estratégias. Vamos aos experimentos da Teoria do Controle Contra Ativo para procurarmos compreender como aplicar tais informações em nosso dia-a-dia.


Primeiro experimento: o fator punição

O primeiro experimento investigou como o desconforto associado com um teste de glicose afeta a disposição das pessoas que estão motivadas a pagar uma “multa” por uma possível falha no teste.

Basicamente, o experimento consistia de duas situações: um grupo de participantes teria que se abster do consumo de glicose por um curto período de tempo (6 horas) e outro grupo teria que se abster por um período maior (3 dias). Após a aceitação do teste, os participantes disseram ao examinador o quanto estariam dispostos a pagar caso não mantivessem essa abstinência (penalidade auto imposta). Concomitantemente, o experimento comparou as escolhas de um grupo de participantes que determinaria o próprio nível de penalidade com outro grupo que determinaria a penalidade para outras pessoas.

O resultado, graficamente, foi o seguinte:


Esses resultados forneceram um suporte inicial à teoria do CCT relacionado a um desconforto temporário de um teste com penalidades auto impostas, caso o mesmo não fosse cumprido. É interessante observar que o grupo que determinou a penalidade para outras pessoas admitiu uma multa mais baixa quando a desistência se tratava da situação em que o tempo de abstinência é maior (3 dias), sendo que o grupo que determinou o valor para ser multado (“multa” auto imposta) mostrou um padrão inverso. Aparentemente, esses participantes usaram a penalidade monetária como uma estratégia de autocontrole. Apesar da tentação provocada longa abstinência de açúcar ser forte – porém resistível – os participantes do primeiro grupo se auto impuseram multas maiores caso falhassem.

Observando apenas o lado econômico do experimento, esse deveria ter conduzido os participantes envolvidos para se imporem uma pequena penalidade quando um longo período de abstinência é necessário, porque, em si, um longo período de abstinência faz com que o fracasso e a “multa” se tornem bastante prováveis. A constatação de que as penalidades auto impostas eram positivas ao invés de negativas relacionadas com a duração do período de abstinência sugere que os participantes usaram as penalidades para garantir que a abstinência não os impedissem de alcançar seu objetivo a respeito de seus hábitos alimentares.

Se observarmos pela ótica das finanças pessoais, podemos levantar algumas situações das quais nos deparamos. Pensemos no exemplo de um financiamento: imagine que você deseja comprar um computador. Hoje você tem o seu equipamento, funcionando bem, te atende bem, mas está chegando o momento de fazer upgrade para ter acesso a outros tipos de funcionalidades e inovações que facilitariam sua vida e seu trabalho. Mas toda troca, toda compra, tem um custo. Digamos que esse equipamento custasse à vista R$ 5.000,00 – uma máquina poderosa! Você, como disse, não tem necessidade de ter o equipamento agora. Diante disso, você decide optar por se esforçar e poupar o dinheiro para comprar o computador à vista – nesse caso, o desafio está em resistir à tentação de ter o bem agora para não incorrer em “multas” que seriam os juros de um financiamento.

Extrapolemos um pouco mais. Duas situações: uma você tem reservas financeiras emergenciais e outra situação em que esses recursos não existem. Se você precisar do dinheiro para um imprevisto que justifique o resgate (questões sérias de saúde, por exemplo) você pode repor suas reservas aplicando uma taxa, um “juros”, ao recompor a reserva. Agora lanço uma pergunta: qual seria o tamanho desse “juro”? Provavelmente você seria generoso e cobraria 0,5% a.m. de você mesmo – afinal, o dinheiro vai ser pra você mesmo, certo? Só que vamos contrapor com a segunda situação: você não tem reservas, aconteceu o imprevisto sério e você precisa de dinheiro. Decide procurar ajuda com empréstimos bancários. Provavelmente o banco não será tão generoso com você e cobrará juros maiores (há casos e casos, eu sei. Mas é só para elucidar a diferença de visão desse experimento relacionando às finanças pessoais). Muitos outros exemplos podem ser lembrados e discutidos. Mas, por enquanto paremos por aqui.

No próximo post, falaremos sobre o segundo experimento que, ao invés de punição, trata de recompensa.

Até!

14 de outubro de 2013

Tornando seus objetivos em metas (parte 3)

Chegamos ao último post para fazer com que seus objetivos saiam do plano das ideias, cheguem ao papel e, definitivamente, manifestem-se no mundo real através das ações.

Nesse post, falaremos sobre os últimos dois passos para tornar seus objetivos reais: a ideia de linha do tempo e sobre manter-se na estrada.

Antes de começar, quero me solidarizar com você e dizer que compreendo que definir objetivos, esmiuçar cada passa, cada meta, dá um trabalhão! Eu mesmo fiquei quase 3 dias (cerca de 30 horas) para passar e repassar meus objetivos e metas, definir, detalhar o que tinha de fazer – e sei que ainda podem ser ainda mais detalhados. Porém, como existem as etapas de Avaliar (Evaluate) e Reavaliar (Reevaluate), preferi trabalhar mais nisso daqui algum tempo – daqui algumas poucas semanas ou alguns pouquíssimos meses. Porém, mesmo que eu não consiga ver todos os degraus que levam até meu objetivo, permaneço em contato com todos eles – desenvolvi uma animação em PREZI que reúne todos eles, facilitando meu acompanhamento geral – você pode fazer isso, se quiser, numa apresentação em seu computador, ou mesmo em PREZI, em PowerPoint ou pegar uma cartolina e montar o seu “mural de objetivos e metas”. Tanto faz: desde que você veja regularmente pra não se perder.

Mas vamos lá! Vamos para o próximo passo. (Se você ainda não viu acesse aqui o primeiro post e aqui o segundo post)


Passo 5: Linha do Tempo


Digamos que em suas promessas de Ano Novo você tenha decidido pensar sobre o que realmente quer fazer com sua vida.

Depois de refletir, você chega à conclusão que, pelo menos por enquanto, as metas de sua vida são as seguintes:

  • Carreira – “Ser Analista Judiciário do Tribunal de Justiça”.
  • Lazer – “Viajar para Paris, França”
  • Saúde – “Correr 10km por dia”.


Depois de definir os objetivos de sua vida, deve-se quebrar cada um deles em metas, mais palpáveis e factíveis. Como você poderia fazer isso? Vamos exemplificar:


E, dessa forma, você vai detalhando cada degrau, cada passo, cada meta e vai cumprindo cada etapa, não esquecendo de se recompensar quando cumpri-las, partindo depois para a seguinte. É claro que esse exemplo é bastante simplificado e que cada meta é e deve ser muito mais detalhada (se seguir a técnica S.M.A.R.T.E.R. terá muitos detalhes de prazo, importância, execução, etc). Porém, consegue-se ter uma ideia clara do que fazer ao longo de todo caminho a ser percorrido. Vale lembrar: nas revisões, devido às experiências e acontecimentos que surgem ao longo do caminho, pode ser que algum objetivo se cumpra mais rapidamente ou precise de um pouco mais de tempo. Por isso que avaliar e reavaliar (Evaluate e Reevaluate) são passos tão fundamentais quanto a definição de suas metas e objetivos.

A partir deste exemplo, podemos observar que quebrar objetivos grandes em pedaços menores, as metas, faz com que consigamos gerenciar melhor o resultado e fica muito mais fácil visualizar o objetivo final cumprido. Se a meta ainda for grande, quebre-a em pedaços ainda menores até que você consiga enxergar que seja possível realiza-la.

O planejamento dá trabalho, mas todo trabalho bem feito proporciona uma recompensa ainda maior: a realização!


Passo 6: Mantenha-se na estrada


Assim que tiver decidido o seu primeiro conjunto de metas, mantenha o processo em andamento, revendo e atualizando sua listagem periodicamente.

Reveja também periodicamente os planos de longo prazo e os adéque para refletir sua mudança de prioridades e experiências. Uma boa maneira de fazer isto é agendar revisões regulares como uma planilha em um computador (rever os planos a cada três meses é o suficiente).

Por exemplo, em vez de ter como objetivo “Navegar ao redor do mundo”, é mais poderoso dizer “Ter completado minha viagem ao redor do mundo até 31 de dezembro de 2015”. Claro que isso só será possível se muitos detalhes (as metas) forem concluídos com antecedência!

Quero atentar aqui para alguns detalhes importantes. Não acredite em conto de fadas nem veja sua vida como um filme Hollywoodiano: se o fizer, vai se frustrar! Como assim? Como muito bem colocado em um texto do site Mude.nu “Como os filmes de superação nos enganam na parte mais difícil”, o roteiro de um filme de superação divide-se, basicamente, em três partes:


  • A dificuldade é detalhadamente apresentada
  • O protagonista decide vencer a dificuldade e treina duro para isso
  • O protagonista vence a barreira e triunfa na vida


A primeira parte toma grande parte do filme; a terceira parte é o “grand finale”. E a segunda parte passa assim:



Com um “fast forward” (avançar rápido) cria-se a falsa impressão de que em dois minutos a fase do treinamento, da persistência, da disciplina é rápida, desde que nós aceitemos em cumpri-lo – por uma semana. Ledo engano. Filmes têm seu aspecto fantasioso, têm que contar uma história, inspirar, comover e vender! Mas no mundo real, você vai deparar com uma longa segunda parte do filme da vida. E se seu objetivo for importante, valer a pena, mesmo que demore, mesmo que você tenha que dar “sangue, suor e lágrimas” para alcança-lo, quando chegar lá, tenha certeza, todo esforço terá valido a pena – cada fração de energia gasta para alcançar seu objetivo. Daí reforço a importância de definir BEM o que se deseja e de vez em quando verificar sua rota, revisando todo seu plano, se necessário.

Tenha CERTEZA que aquela vozinha negativa virá e falará um monte na sua cabeça “Você não pode”. Ignore-a. Ignore e concentre na execução e conclusão da tarefa. Quando terminar, volte àquele seu ‘eu-negativo’ e diga: “Sim, eu posso. Tanto que eu fiz”. Você não imagina o quanto isso é prazeroso. Experimente e comprove!

Como disse no post anterior, caso não entenda alguma coisa, deixe seu comentário abaixo ou entre em contato comigo. Na medida do possível vou procurar te ajudar, esclarecendo aquilo que ainda pode ter ficado nebuloso. Talvez você precise de uma segunda opinião. Se quiser, estou à disposição para ajudar!

Então, diante desse tanto de informação, só posso desejar que você tenha uma excelente reflexão, que consiga esmiuçar seus objetivos e metas e, principalmente: realiza-los, gerando resultado no mundo real.

Grande abraço e até!

7 de outubro de 2013

Tornando seus objetivos em metas (parte 2)

No último post começamos a conversar sobre como definir objetivos, o porquê de defini-los, as grandes áreas que temos que refletir para entendermos melhor quais são nossas prioridades para os próximos anos (Passo1) e também mostrei uma forma de priorizar (Passo 2), já que o poder de realização está no foco.

Você conseguiu definir seus "objetivos-mor"? Como foi sua experiência com a definição das prioridades? Quais áreas se mostraram mais importantes em suas vidas, nesse momento? Se ainda não realizou os passos 1 e 2 esse post talvez fique um pouco "solto". Recomendo que o faça e, se quiser, compartilhe conosco lá nos comentários! (Se tiver dúvidas de como fazer, inclusive, posso tentar te ajudar na medida do possível, ok?!)

Bom, vamos lá!

Nesse post, como prometido, vou mostrar os dois passos seguintes: o que é e como aplicar a técnica S.M.A.R.T.E.R. e como que definimos metas menores. Vamos por partes.


Passo 3: usando a técnica S.M.A.R.T.E.R. para estabelecer os objetivos e metas de forma mais inteligente


Smart é uma palavra em inglês que significa inteligente. O primeiro uso conhecido do termo aconteceu na edição de novembro de 1981 da Management Review por George T. Doran. S.M.A.R.T. é uma palavra usada como uma sigla de fácil memorização para os itens imprescindíveis na definição de objetivos. Cada letra tem um significado que determina o passo a passo da técnica:

  • Specific (Específico)
  • Measurable (Mensurável)
  • Attainable (Alcançável)
  • Relevant (Relevante)
  • Time-bound (definido no Tempo)


O conceito da técnica evoluiu e criou-se mais duas etapas, ficando a sigla S.M.A.R.T.E.R. (tradução livre: mais inteligente):

  • Evaluate (Avaliar)
  • Reevaluate (Reavaliar)


Digamos que você tenha como objetivo “construir uma casa”. Essa forma de definição de objetivos é muito genérica, muito “solta” e provavelmente não se realizará. A chance, inclusive, de você se frustrar é bem grande – basta lembrar das promessas de fim de ano: mal construídas, sem definições, sem sentimento de urgência, sem prazo, sem a devida importância, o devido envolvimento.

Mas, como já se pode imaginar, existe a técnica S.M.A.R.T.E.R. para nos ajudar a delinear os nossos objetivos em todos os detalhes. Vamos definir letra por letra, passo por passo, para que se clareie o método e a técnica.

Paul J. Meyer descreve as características dos objetivos S.M.A.R.T. em seu livro Attitude is Everything (2003):

Specific (Específico)

O primeiro critério realça a necessidade de um alvo específico, em vez de um objetivo genérico. Isso significa que o objetivo é claro e inequívoco; sem caprichos e banalidades: o objetivo é direto. Para construir objetivos específicos, é necessário descrever exatamente o que se espera, porque é importante, quem está envolvido, onde é que vai acontecer e quais atributos são importantes. “Conseguir um emprego” pode ser começar a trabalhar em qualquer coisa, mas "conseguir um cargo de gerente de projeto em uma multinacional ganhando pelo menos R$ 8.000,00 por mês" já mostra exatamente o que você pode estar buscando.

Um objetivo ESPECÍFICO responde às cinco perguntas "W", que vêm do inglês: What (o que), Why (por quê), Who (quem), Where (onde), Which (quais):

  • (what) O QUE: O que eu quero realizar?
  • (why) POR QUÊ: Quais são os motivos específicos, a finalidade ou benefícios de realizar o objetivo.
  • (who) QUEM: Quem está envolvido?
  • (where) ONDE: Identificar uma localização.
  • (which) QUAIS: Identificar os requisitos e restrições.


Measurable (Mensurável)

O segundo critério enfatiza a necessidade de critérios concretos para medir o progresso em direção à realização do objetivo. A ideia por trás disso é que, se o objetivo não é mensurável, não é possível determinar se está existindo progresso em direção a conclusão bem-sucedida daquilo que se deseja.

Medir o progresso é importante para te ajudar a continuar caminhando em direção àquilo que se deseja, atingir os seus prazos, e experimentar a alegria da conquista que o estimula a um esforço contínuo necessário para atingir o objetivo final. Digamos que seu objetivo é “ser feliz”. Como você sabe quando já é feliz? Quando alcançou o que você precisa? Por isso seu objetivo deve ter uma medida – assim você terá como comparar o desempenho tido com o esperado e também quando chegou lá.

Um objetivo MENSURÁVEL responde a perguntas como:

  • Quanto vai custar?
  • Quanto (de determinada coisa) vou precisar?
  • Como saberei quando ele é alcançado?



Attainable (Alcançável)

O terceiro critério reforça a importância de objetivos que sejam realistas e alcançáveis. Um objetivo alcançável te estimula a se esforçar a fim de alcançá-lo, portanto ele não deve ser nem tão fácil e nem tão difícil: um desafio mediano é suficiente. Ou seja, os objetivos não são nem fora do alcance nem abaixo do seu padrão de desempenho, senão correm o risco de perderem sentido.

Quando você identifica os objetivos que são mais importantes em sua vida, você começa a descobrir maneiras pelas quais pode torná-los realidade. Com isso desenvolverá atitudes, habilidades, competências e capacidade financeira necessárias para alcançá-los. Que fique claro: sonhar é preciso – mas esse não é o ponto. Realizar uma viagem para Vênus daqui a 2 anos pode não ser um bom exemplo de objetivo alcançável.

Um objetivo ALCANÇÁVEL responde à seguinte pergunta:

  • Como o objetivo pode ser cumprido?


Geralmente é nessa etapa da técnica S.M.A.R.T.E.R. é que você descobre que existem vários outros pequenos degraus, as metas, para alcançar seu objetivo. E com cada uma delas você deve aplicar a técnica descrita, chegando ao momento em que você tenha apenas “metas operacionais”. Vou detalhar isso mais adiante.

Relevant (Relevante)

O quarto critério salienta a importância da escolha de objetivos que tenham significado. O objetivo de um gerente de banco "Fazer 50 sanduíches de geleia e de manteiga de amendoim até às 14h" pode ser específico, mensurável, alcançável, e definido no tempo, mas não tem relevância alguma! Melhor traduzido: o objetivo tem que “fazer sentido”. Muitas vezes você vai precisar de apoio para realizar um objetivo: recursos, alguém que te estimule, alguém que derrube obstáculos. Objetivos que são relevantes para você e sua família, por exemplo, provavelmente receberão o apoio necessário para serem realizados.

Objetivos relevantes (quando conhecidos) te motivam a continuar, a seguir em frente. Um objetivo que apoia ou está alinhado a outros objetivos pode ser considerado como um objetivo relevante.

Um objetivo RELEVANTE pode responde SIM a estas perguntas:

  • Isto parece que vale a pena?
  • Este é o momento certo?
  • Será que esse objetivo vai/pode combinar com outros esforços/necessidades?
  • O objetivo é aplicável no atual ambiente sócio-econômico-técnico?
  • Uma pergunta extra que combina com primeiro passo da técnica S.M.A.R.T.E.R., Specific, e que pode, nesse momento, trazer um significado emocional é a seguinte: Por que essa meta é importante para você?


Time-bound (definido no Tempo)

O quinto critério enaltece a importância da definição dos objetivos dentro de um prazo determinado, dando-lhes uma data-alvo. Um compromisso com prazo definido te ajuda a concentrar seus esforços na conclusão da meta antes ou na data de vencimento.
Você já ouviu a história de que o noivado é para ganhar mais tempo para poder casar? Ou então o clássico “passa lá em casa qualquer dia!”. Objetivos sem prazo definido ficam perdidos no tempo, pois nosso cérebro não reconhece a urgência de uma atividade até saber quando ela deve ser completada.

Além disso, para saber se você está indo bem, precisa ter metas para seu objetivo principal que serão cumpridas em determinados prazos. Aprender um novo idioma, por exemplo, pode ser dividido em “procurar e escolher uma escola”, com o prazo de 1 mês; “assistir todas as aulas” com o prazo de 6 meses letivos; “começar a comprar revistas neste idioma” com prazo de 4 meses… e assim você cria “marcos” que vão permitir que você se auto avalie e analise seu progresso. A definição de prazos para o objetivo final com base nas pequenas metas faz com que o objetivo final se torne mais palpável.

Essa parte dos critérios da técnica S.M.A.R.T.E.R. se destina a impedir que seu objetivo seja atropelado pelo caos que existe no dia-a-dia; se destina a estabelecer um senso de urgência.

Um objetivo DEFINIDO NO TEMPO geralmente responde às seguintes perguntas:

  • Qual é a data-alvo, o prazo máximo?
  • O que posso fazer nos próximos seis meses?
  • O que posso fazer nas próximas seis semanas?
  • O que posso fazer hoje?


Evaluate (Avaliar) e Reevaluate (Reavaliar)

Os dois últimos critérios relacionam-se entre si e têm a função de assegurar que os objetivos serão periodicamente revisados (para avaliar, inclusive, sua evolução e até a necessidade de alguma correção de rumo ou mesmo se ainda o objetivo é válido) e garantir que eles não serão esquecidos.

Perguntas que se encaixam nessa etapa são as como se seguem:

  • De quanto em quanto tempo vou rever meus objetivos?
  • Estou caminhando na direção certa?
  • Estou conseguindo cumprir os prazos estabelecidos?
  • Minhas aspirações mudaram?
  • Posso melhorar alguma coisa no planejamento?


Logo abaixo segue uma animação em PREZI para que você possa sempre ter em mente, de uma maneira lúdica, a técnica S.M.A.R.T.E.R. e seus devidos questionamentos:





Passo 4: Defina metas menores


Depois de ter definido os seus objetivos de vida e de aprender como definir esmiuçadamente cada meta, cada objetivo, é hora de determinar um plano de metas menores para cada cinco anos, um plano que mostre o que você precisa concluir se quiser alcançar seu plano de vida. Dê atenção especial às áreas prioritárias, pois elas provavelmente ajudarão a desenvolver as que não pertencem ao foco principal.

Em seguida, crie um plano de um ano, um plano de seis meses e um plano de um mês de metas progressivamente menores (use a técnica S.M.A.R.T.E.R. para esmiuçar os detalhes de cada meta menor). Cada um destes planos deve ter como base o plano anterior, o plano maior. Uma sugestão interessante é criar um diário fazendo uma listagem de coisas que você deve fazer hoje para trabalhar para seus objetivos.

Foi dito na etapa do “Attainable” (alcançável, realizável) que muitas novas metas podem surgir, como de fato surgem após a pergunta “como eu posso alcançar isso?” Nesse momento você começa a estruturar sua estratégia, a enxergar os passos que devem ser dados para alcançar seu objetivo maior: é exatamente nesse ponto que você começa a determinar as suas metas menores, as metas operacionais -  as pequenas coisas que precisam ser feitas. É fundamental, reitero, estar sempre munido de um caderninho ou mesmo só papel e caneta para as anotações e inspirações, pois certamente você enxergará muitos passos – anote todos! Cada passo, cada etapa que você enxergar deve passar pela técnica S.M.A.R.T.E.R., pois assim conseguirá defini-lo de forma bastante clara.

No princípio, suas metas menores poderiam ser as de realizar a leitura de livros e reunir informações sobre a realização de seus objetivos de nível superior. Isso te ajudará a melhorar a qualidade das ideias e trazer para a realidade suas definições.

Finalmente reveja seus planos e se certifique de que eles se encaixam na maneira pela qual você quer viver sua vida.

Eu prometi que falaria de alguns de meus objetivos. Decidi selecionar o objetivo de SAÚDE para exemplificar. Você pode, se quiser, usar a estrutura circular como demonstrada na animação para facilitar o desenvolvimento da definição de suas metas. Fique à vontade.


Por enquanto é só. Agora você tem mais dever de casa.

Ah sim! Antes que me esqueça: não ache que conseguirá definir e estruturar todos os objetivos e esmiuçar todas as metas de uma só vez. Não que seja impossível, mas na medida em que você vai executando, você vai enxergando novas etapas a serem concluídas antes de alcançar seu objetivo final.

Como brinquei com meu amigo professor Elisson de Andrade (inclusive ele tem um blog de finanças pessoais bem bacana, clique aqui): mesmo quando estamos correndo temos que dar um passo depois do outro.


No próximo post falaremos sobre as duas últimas etapas para a transformação dos seus objetivos em metas: colocar todos seus objetivos numa linha do tempo (uma ideia de sequência de execução) e sobre a parte mais desafiadora do processo: manter-se na estrada.

Até lá!

30 de setembro de 2013

Tornando seus objetivos em metas (parte 1)


Nas últimas semanas tenho trabalhado na conclusão de um material para oficinas de educação financeira que tenho desenvolvido. Na segunda parte da primeira oficina, eu discorro sobre três assuntos: dois deles são ferramentas de controle financeiro (falo sobre fluxo de caixa pessoal e sobre balanço patrimonial pessoal) e o outro é sobre objetivos. A definição de objetivos, para ser mais exato.

Muitos de nós, vez ou outra, nos sentimos à deriva do mundo: trabalhamos pra caramba, mas parece que não saímos do lugar. Talvez, uma das principais razões seja porque você não investiu tempo suficiente no processo de definição de seus objetivos. Objetivos formais, bem estruturados, com sentido, com formas de mensurar sua evolução, palpáveis.

Certamente você já ouviu uma famosa frase de Shakespeare: “Se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve” (inclusive tem essa excelente performance, O Menestrel, que vale a pena conferir. Clique aqui). Pois bem, vamos determinar, definir e criar um lugar pra gente, só nosso. Afinal, se soubermos exatamente o que desejamos conseguir, poderemos concentrar os nossos esforços.


Por que definir objetivos?


Mas antes de começarmos, quero te lançar uma pergunta: por que definirmos objetivos? Não é mais fácil deixarmos a vida nos levar? Pode até ser... mas a vida pode nos levar a lugares que não gostaríamos. Além do mais, temos recursos limitados. Sim, todos temos 24 horas e o tempo é um recurso valiosíssimo que temos de aprender a aproveitá-lo muito bem, de preferência desde cedo (se ainda não se deu conta, sua passagem aqui na Terra é bastante rápida e quase não é notada no ‘todo’); outra recurso que é limitado é a nossa energia: um artigo da Fast Company mostrou, dentre outras coisas interessantes sobre nosso cérebro, que é impossível sermos multitarefas (acesse o link para a leitura do artigo completo, em inglês: clique aqui). Então aprume as velas e defina, por conta própria, seu rumo!

As metas são os degraus para que se alcancem os objetivos


Uma forma bastante eficaz de determinar seus objetivos é fazê-lo em níveis (eu mesmo fiz e vou dar exemplos pessoais logo adiante):
  • Primeiro você cria a sua “grande visão”, ou seja: aquilo que você quer fazer com sua vida (ou, digamos, nos próximos 5 ou 10 anos), e identifica os objetivos em grande escala que pretende alcançar;
  • Daí subdivide esses padrões em os alvos menores – que são as METAS – dos quais você deverá cumprir para alcançar seus objetivos;
  • Finalmente, depois de ter seu plano, você começa a trabalhar nele para alcançar as metas estabelecidas.


Parece ser simples e realmente é. Mas não significa que não dê trabalho para fazer.

Começamos a definir nossas metas olhando para nossos objetivos. Vamos por partes.


Passo 1: Definindo objetivos


O primeiro passo na definição das metas é considerar o que você deseja alcançar em sua vida – ou pelo menos, em um tempo significativo no futuro.

A definição de objetivos oferece a perspectiva global que molda todos os outros aspectos da sua tomada de decisão.

Para dar uma cobertura ampla e equilibrada de todas as áreas importantes em sua vida, tente estabelecer metas em algumas das seguintes categorias (ou em outras próprias que sejam importantes para você):

  • Carreira – Qual o nível que você deseja alcançar em sua carreira? O que você quer alcançar?
  • Financeiro – Quanto você quer ganhar, por quanto tempo? Como isso está relacionado com seus objetivos de carreira?
  • Educação – Existe algum conhecimento que você deseja adquirir em particular? Quais informações e habilidades você precisa ter para alcançar outros objetivos?
  • Familiar – Você quer ser pai? Se sim, como você vai ser um bom pai? Como você quer ser visto por um parceiro ou por membros de sua família?
  • Atitude – Há qualquer parte do seu modo de pensar que está te prendendo? Existe alguma etapa do caminho que seu comportamento lhe perturba? (Se sim, defina uma meta para melhorar o seu comportamento ou encontrar uma solução para o problema)
  • Saúde – Existe algum objetivo físico que você deseja alcançar? Você quer uma boa saúde na velhice? Quais os passos que você vai fazer para conseguir isso?
  • Lazer – Como você quer se divertir? Você deve garantir que alguns momentos de sua vida são para você!
  • Serviço voluntário – Você quer fazer do mundo um lugar melhor? Caso afirmativo, como?


Passe algum tempo refletindo sobre essas questões: tire uma tarde, um dia, vá para um parque calmo, crie seu momento para pensar sobre cada um desses aspectos deixando seus sonhos, suas vontades e anseios virem à tona. Em seguida, selecione um ou mais objetivos em cada categoria que melhor refletem o que você quer fazer. Depois, considere refinar sua seleção, cortando novamente para que você tenha um número pequeno de objetivos para que possa se concentrar, se for o caso. O poder de realização está em focar! (E convenhamos: não conseguimos ser eficientes e multifocais ao mesmo tempo). Ao fazer isso, certifique-se de que os objetivos definidos são aqueles que realmente deseja alcançar e não aquelas que os seus pais, familiares ou empregadores desejam que você alcance. Se você tem um parceiro (a), provavelmente você vai considerar o que ele ou ela deseja – porém, lembre-se: permaneça fiel a si mesmo – sempre!

Eu fiz isso. Tá certo que não fui a um parque, mas costumo caminhar e, de acordo com minha experiência pessoal, costumo pensar sobre diversas coisas enquanto caminho – parece que a mente trata de se tornar criativa e encontrar meios para solucionar meus problemas. Defini vários campos que considero, pelo menos no atual momento, importantes em minha vida: financeiro, carreira, educação, saúde, lazer, relacionamento íntimo, família, bens materiais – você pode imaginar que foi aquele tanto de coisa! Normal. Inclusive, recomendo que nesse momento só seu leve uma caneta e um caderninho para anotar suas ideias e inspirações. Essas informações são muito valiosas, pois refletem aquilo que você deseja fazer com sua vida de acordo com seu momento atual. Não vou falar sobre cada uma delas individualmente ou talvez nem aprofundar demais, porque tem coisa que é muito pessoal, mas vou selecionar algumas áreas para exemplificar o processo, ok?! Continuemos.

Mas, diante de tantas coisas importantes, como é que vou realizar tudo? Já disse e repito: O poder de realização está em focar! E quando falo isso significa que, mesmo diante de muitos objetivos importantes, é necessário priorizar.


Passo 2: Priorização


A maneira pela qual eu priorizei meus objetivos foi totalmente empírica e subjetiva. Porém, existe um método. E essa subjetividade não atrapalha? Não, claro que não. Na realidade ela é que vai ditar aquilo que você quer em sua vida. Bem isso.

Como disse, é necessário priorizar para poder forcar: esse processo tem o objetivo de definir aquilo que vai fazer a diferença não só nas áreas-foco, mas também nas outras, pois, querendo ou não, somos seres holísticos: não dá para mexer numa área sem afetar outra.
Mas como fazer isso? Uma maneira é relacionar cada área pensando como uma afeta a outra. Esse relacionamento, como disse, é totalmente subjetivo, mas com a descrição seguinte ficará mais claro como proceder.



Nossa, essa imagem está uma bagunça, cheia de setas” alguém deve ter pensado! Calma, calma que eu vou explicar.

Como disse, você deve fazer uma relação de como tal área afeta outra (nesse ponto você já tem que ter definido ao menos a ideia geral do que você quer em cada área, senão esse processo se perde, fica sem sentido). Por exemplo, vamos pegar o aspecto financeiro. Eu ganhar mais dinheiro afeta a forma como eu posso desenvolver minha carreira, pois posso ter acesso a melhores oportunidades, desenvolver/abrir algum negócio, dentre outras coisas; o financeiro também afeta minha educação, pois poderei custear cursos, eventos, aprimorar algum aspecto pessoal ou profissional em minha vida; também afeta meu relacionamento íntimo, pois com dinheiro posso ter acesso a novas e diferentes oportunidades de lazer, além de poder fazer coisas diferentes para meu companheiro com mais facilidade (não necessariamente precisa-se de dinheiro nessa área, mas não sou hipócrita em dizer que o dinheiro não ajuda); além disso, afeta a minha saúde: com minha situação financeira melhorada poderei fazer exercícios físicos com profissionais da área (por exemplo: musculação com personal trainer ou sessões de pilates, etc), poderei ter acesso a melhores médicos, e ter todo um aparato esportivo (bicicleta, por exemplo) que promovam a melhora de minha saúde; o financeiro, obviamente, afeta a aquisição de bens materiais; comprar um carro, uma casa, ou qualquer outro bem que desejar; e, também, afeta meu lazer: por exemplo, se valorizo fazer viagens para lugares diferentes, essas viagens provavelmente terão algum custo. Perceba que, nessa linha de raciocínio, o aspecto financeiro afetou diretamente seis áreas: carreira, educação, relacionamento íntimo, saúde, bens materiais e lazer. PROVAVELMENTE é uma área importante em minha vida, no atual momento.

Na medida em que você vai fazendo essas relações você vai criando áreas que afetam e áreas que são afetadas em sua vida. Nesse exemplo, perceba que, na minha avaliação subjetiva, a área de aquisição de bens materiais só é afetada pelo financeiro e não afeta nenhuma outra área (da mesma forma que família só é afetada pela área de relacionamento íntimo e não afeta outra).


De acordo com a imagem-exemplo, temos o seguinte panorama:


Definidas as relações, é chegada a hora de priorizar, determinando o peso da prioridade, conforme demonstrado a seguir:


Observe que do lado de quem afeta, a categoria FINANCEIRO ficou em primeiro lugar (azul), seguido de EDUCAÇÃO (verde); do lado de quem é afetado, o LAZER ficou em primeiro lugar (azul), seguido de CARREIRA e RELACIONAMENTO ÍNTIMO (verdes). Ou seja: temos um impasse. Daí segue-se a subjetividade, a reflexão de compreender o que é importante para você em sua vida, de acordo com o que determinou e definiu de forma mais geral no Passo 1. Nesse caso, optou-se por CARREIRA.

Diante disso, temos 4 áreas de atenção: FINANCEIRO, EDUCAÇÃO, CARREIRA e LAZER. Vale atentar que as três primeiras estão bastante correlacionadas, praticamente uma afetando a outra e gerando consequências positivas para as outras áreas, mesmo aquelas que não foram selecionadas como foco principal. Observe que as outras áreas também são importantes e também têm objetivos a serem cumpridos. Porém, serão, de certo modo, secundários perante as quatro áreas definidas pela seleção de prioridade.

Vou parar por aqui. Vocês já têm muita coisa pra pensar. Mas ainda não acabou: temos mais 4 passos (é, eu sei, tem muito mais coisa) para serem definidos e explicados, mas por enquanto já se tem muito “dever de casa”. No próximo post vamos falar de mais dois passos: definição e aplicação da técnica SMARTER e como definir metas menores, para que o objetivo principal fique mais palpável.

Até lá!

3 de setembro de 2013

A teoria do controle contra ativo

Artigo originalmente postado em Gestor FP.

No último post sobre autocontrole, discorremos sobre a importância de distinguirmos os conceitos dos efeitos de curto e longo prazos. Para ler o último post, clique aqui.

Neste post falaremos sobre a Teoria do Controle Contra ativo (Counteractive Control Theory ou CCT).

De acordo com a CCT, se intensificarmos a importância dos resultados de curto prazo poderemos aumentar a capacidade de escolher que decisão tomar de acordo com as metas de longo prazo, o que faz com que nos comprometamos com as atividades de curto prazo: ao reforçar a importância de se fazer um exame de sangue pensando na saúde no longo prazo, tanto uma pessoa que espera que o teste seja doloroso (e provavelmente será, pois psicologicamente ela considera o checkup aversivo) quanto outra que espera que o mesmo procedimento seja agradável o farão. Contudo, ao reforçar tal importância antes do teste impede que a pessoa que tem aversão recue de sua decisão.

A Teoria do Controle Contra Ativo (CCT) assume que as pessoas devem assumir os esforços pró-autocontrole de modo que eles sirvam de meios para alcançar as metas de longo prazo. Primeiro, esse esforço depende do valor dos resultados que se deseja a longo prazo. Quando tais objetivos de longo prazo não têm muito valor a motivação para se comprometer com eles é reduzida, fazendo com que os esforços para se controlar também se reduzam. Por isso se torna fundamental criar objetivos desafiadores, mas que também sejam relevantes em sua vida.

Em segundo lugar, o efeito dos resultados de curto prazo sobre o controle contra ativo não é monotônico, ou seja, não tem apenas um sentido: quando os custos de curto prazo de uma atividade são muito baixos as pessoas tendem a se sentir capazes de realizar uma atividade sem exercer autocontrole; quando os custos de curto prazo são extremamente elevados, as pessoas tendem a se sentir incapazes de realizar a atividade, mesmo que elas exerçam os esforços para se autocontrolar. Somente quando os custos de curto prazo de uma atividade são moderados que os esforços de autocontrole podem determinar se a atividade deve ser realizada.

Em terceiro lugar, as pessoas exercem o controle contra ativo ANTES, mas não após a realização de uma atividade. Antes de realizar uma atividade, o controle contra ativo pode ajudar as pessoas a escolherem e realizarem uma atividade. Depois de executar a atividade, o controle contra ativo (tal como reforçar a importância da atividade) só serve para reduzir algum arrependimento. A CCT prevê, portanto, que os resultados de curto prazo de uma atividade deveriam provocar o controle contra ativo antes e não após se comprometer com alguma atividade. Por exemplo, imagine que você está definindo o patrimônio que deve ser construído para que alcance a sua independência financeira e descubra que deve mudar de hábitos e talvez até reduzir seu padrão de vida para chegar lá: só que isso implica em abrir mão de consumo agora – é um processo bastante delicado, certo? Porém, se isso realmente for importante, atingir um patamar em que você pare de precisar de jogar o jogo do dinheiro, um patamar em que se torne dono absoluto do seu tempo, um patamar que você trabalha apenas naquilo que quer e porque gosta, talvez os custos de curto prazo tendam a ser melhor tolerados. Ou seja: o valor de se realizar tais mudanças devem ser enfatizados antes (e até durante) a realização do plano para independência financeira, mas não depois (se é que vai conseguir concretizá-lo).

Existe uma vasta literatura sobre diversas estratégias de autocontrole; Trope e Fishback propuseram 5 experimentos que avaliam o seguinte: (1) o efeito de penalidades monetárias de curto prazo caso o descumprimento das atividades de curto prazo afetem os resultados de longo prazo; (2) o efeito de recompensas contingenciais ou por performance que estejam relacionadas aos objetivos de longo prazo; (3) o efeito de desempenhar determinada atividade apesar do desconforto físico; (4) qual grau de desconforto que ativa a capacidade das pessoas se autocontrolarem; (5) o efeito de se elevar a percepção dos custos de curto prazo da atividade antes dela ser executada e não depois.

Sei que toda essa pesquisa tende a ser um assunto técnico, apesar disso, ela pode nos dar alguns caminhos para desenvolvermos nossas próprias técnicas para ativarmos nosso autocontrole e caminhar em direção aos nossos objetivos de longo prazo.

Por enquanto é só.

Até!

31 de agosto de 2013

O autocontrole e os efeitos de curto e longo prazos

Artigo originalmente escrito em GestorFP.

Uma das maiores dificuldades das pessoas é ter autocontrole. Essa habilidade é fundamental para que consigamos atingir nossos objetivos na vida. Existem vários estudos no campo da psicologia que tratam desse tema, já que, se descobrirmos os mecanismos internos que nos permitam acessar essa habilidade tão cobiçada, poderemos ter maiores possibilidades de sucesso.

Conforme foi dito no artigo anterior (clique aqui para ler), o autocontrole é uma habilidade que pode e deve ser desenvolvida, ainda mais quando o foco de atenção são as finanças pessoais. Dois estudiosos sobre esse assunto, Yaacov Trope (New York University e Tel Aviv University) e Ayelet Fishback (The Academic College e Tel Aviv-Yaffo), mostram através de um estudo realizado (Counteractive Self-Control in Overcoming Temptation) cinco experiências que podem nos estimular a criar meios para desenvolvermos ou eliciarmos o autocontrole.

Geralmente as pessoas sabem o que querem, mas se sentem inseguras se aquilo que querem é realmente o que desejam. Essa incerteza reflete as dificuldades em tornarem seus desejos viáveis através da falta de oportunidades, falta de liberdade de escolha ou falta de habilidades pré-requeridas. O trabalho de Trope e Fishback tomou como base várias outras pesquisas sobre autocontrole e as estratégias/hipóteses que eles criaram procuram determinar (a) como antecipar as tentações que provocam o autocontrole bem como (b) se o autocontrole diminui a influência das tentações no comportamento.

Antes de falarmos sobre essas experiências que eliciaram as estratégias, vamos fazer algumas distinções entre os efeitos percebidos das atividades a curto prazo e a longo prazo. Os efeitos de curto prazo são imediatos, mas não são perenes; por outro lado, os de longo prazo são remotos, mas duradouros. Quando nos deparamos com situações em que os efeitos de curto prazo se defrontam com os de longo prazo, nos encontramos em um grande dilema. Um exame médico pode causar desconforto imediato, mas pode prevenir e promover sua saúde no longo prazo. Porém, as pessoas podem decidir não realizar o check-up caso tenham uma pré-compreensão de que o desconforto percebido é maior do que ele é de fato – em geral quando os efeitos de curto prazo entram, de fato, em conflito com os efeitos de longo prazo, as pessoas tendem a perceber os eventos de curto prazo como ameaças aos seus interesses de longo prazo. Em resposta a essa ameaça, as pessoas podem exercer o autocontrole envolvendo inúmeros processos cognitivos, emocionais e motivacionais a fim de neutralizar os incômodos do presente objetivando alcançar os resultados almejados no futuro.

Descomplicando: a compreensão da importância de realizar reservas para a conquista de seus sonhos ou de realizar a atividade de registro de TODAS as entradas e saídas em suas finanças pessoais (para muitos inicialmente incômoda) pode fazer com que você tenha uma vida financeira compensadora. De acordo com a pesquisa, esse autocontrole pode ser obtido através de autoimposições de penalidades materiais, sociais ou psicológicas. Quando o desconforto é pequeno, pouco ou nenhum autocontrole é exercido; quando o desconforto é grande demais, isso pode fazer com que você não exerça autocontrole, pois vai parecer que é impossível de realizar determinada atividade.

No próximo artigo falaremos sobre a Teoria do Controle Contra Ativo (Counteractive Control Theory ou CCT), uma das bases de compreensão desse estudo.

Até lá!

27 de agosto de 2013

O principal fator para seu sucesso financeiro

Artigo originalmente postado em Gestor FP.

São vários os fatores que podem nos conduzir ao sucesso na vida, seja esse o sucesso financeiro, pessoal, ou o profissional.

Limitando-nos ao aspecto financeiro, poderíamos dizer que os ingredientes para o sucesso incluem: uma boa administração financeira dos próprios recursos, investimento adequado de parte dos rendimentos, habilidade e capacidade para obter renda a partir de diversas fontes, boas ferramentas de apoio e acompanhamento da evolução das finanças pessoais, investimento em educação financeira (cursos, oficinas, livros) e, certamente, muito mais coisas. Porém, gostaria de enaltecer uma habilidade que todos podem desenvolver, aliás, todos devem desenvolver, para alcançar os objetivos que foram estabelecidos, em qualquer área da vida: o autocontrole.

Autocontrole, ou também autodisciplina, significa tomar posse de sua própria mente. Ninguém pode alcançar o sucesso sem se tornar mestre de si mesmo. O autocontrole começa com o domínio de seus pensamentos. Sim, você pode controlá-los, ou pelo menos direcioná-los para onde bem desejar. Se você não controlar seus pensamentos, não poderá controlar as suas ações. A primeira forma de autocontrole, portanto, é pensar primeiro e agir depois. Geralmente as pessoas tendem a fazer o inverso, o que pode gerar consequências delicadas e, às vezes, bem desagradáveis.

Livros foram escritos sobre diversos aspectos de como melhorar as nossas vidas; eventos são realizados para apresentarem ou mesmo nos educarem sobre vários tipos de informação. Mas de nada adianta sermos uma “super esponja”, absorvendo tudo que encontramos pelo caminho, se não fazemos nada com o conteúdo. É preciso transformarmos os conteúdos em algo útil e importante para nós mesmos e para os outros.

Mas como desenvolver o autocontrole para fazermos aquilo que desejamos? Essa resposta é bastante particular, e, no próximo post, vou trazer informações de uma pesquisa sobre esse assunto.

Até lá!

28 de junho de 2013

Desemprego e finanças pessoais

Uma das principais causas de endividamento das pessoas é o descontrole financeiro. Porém, o que poucos sabem é que o desemprego também encabeça o topo da lista. Ele pode causar dívidas momentâneas, muitas delas relacionadas à sobrevivência: dívidas com supermercado, aluguel, contas de concessionárias de serviços públicos, etc. Em linha com o senso comum, o principal meio de pagamento que pode fazer com que a situação fique ainda pior devido seu elevadíssimo poder de destruição das finanças pessoais através dos absurdos juros, é o cartão de crédito.

Muitas pessoas contam demasiadamente com o seguro-desemprego que proporciona, ao menos temporariamente, certa tranquilidade ao trabalhador, recursos bem básicos para se manter e/ou manter sua família enquanto procura recolocação no mercado de trabalho. Apesar de ser um direito, contar apenas com essa remuneração é assumir um risco muito grande.

Mas como não se endividar numa situação dessas? A atitude adequada não é corretiva, e sim preventiva: enquanto a pessoa está trabalhando deve respeitar a primeira regra em finanças pessoais (gastar menos do que se ganha) e focar em criar uma reserva de emergência. Alguns podem dizer que não têm disciplina suficiente para isso. Eu replico: ou se cria a reserva ou se perece. Imagine se algo gravíssimo acontece – um problema de saúde, por exemplo – e você não tem como custear, senão o todo, ao menos parte dessa emergência e urgência? O ruim poderia ficar ainda pior. Diante da consciência e da possibilidade de poupança você pode escolher formá-la e ter uma tranquilidade a mais ou deixar seu futuro totalmente ao acaso apostando na chance de se estressar bastante com dinheiro em períodos de mudança ou turbulência.


Decidindo por formar esse “colchão de segurança”, nasce outra pergunta: qual deve ser o tamanho dessa reserva? Isso depende muito de seu padrão de vida. Uma referência é o montante mínimo acumulado de 6 meses de despesas, caso seja assalariado, ou 12 meses, caso seja um profissional liberal ou empresário. Se puder e quiser acumular mais, melhor! Outra pergunta que pode surgir após a definição desse montante é: onde deixar guardado essa reserva? Existem diversas opções de investimento. Se você não conhece nada desse ambiente, inicialmente guarde na caderneta de poupança; enquanto isso, procure aprender sobre alternativas mais rentáveis tais como Tesouro Direto, Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), fundos de investimento em renda fixa, dentre outros. Caso tenha um evento inesperado, pode contar com a liquidez imediata da caderneta de poupança e resgatar o restante do dinheiro das outras aplicações num futuro breve e, ao mesmo tempo, minimizar o efeito da perda de poder de compra de sua reserva.

O importante é: se desempregado, faça o esforço para se recolocar o mais rapidamente com a melhor oportunidade possível; após se recolocar, faça com que o seu primeiro investimento seja a sua reserva de emergência, se ainda não a possui. A sua consciência agradecerá a tranquilidade financeira proporcionada!

6 de maio de 2013

A tênue linha entre as normas sociais e as normas financeiras


Tenho aprendido algumas coisas bem interessantes sobre psicologia econômica e comportamento irracional devido a um curso que estou concluindo através do Coursera, A Begginer’s Guide Irrational Behavior.

Em um dos diversos estudos abordados por esse curso, o professor Dan Ariely chama a atenção para um assunto muito interessante relacionado às diferenças e confusões que acontecem sobre as normas sociais e normas financeiras, de mercado.

Imaginemos a seguinte situação: um rapaz leva uma moça para um encontro, um jantar. Depois do jantar ele leva a moça para o apartamento dela e antes de receber o provável apaixonado beijo de boa noite ele fala o seguinte: “Interessante... eu gastei R$ 150,00 no nosso encontro...” O que acontecerá? Muito provavelmente ele não receberá o seu beijo apaixonado. Mas o que aconteceu? Todo mundo sabe que o jantar, as bebidas, tiveram um custo. O que ocorre é que ao mencionar “dinheiro” evocou-se a ideia de prostituição: dinheiro por sexo. Em algumas situações colocar dinheiro na equação faz com que as coisas piorem. 

George Bernard Shaw fez uma piada bem interessante. 

Um homem perguntou a uma mulher:
- Você dormiria comigo por dinheiro?
- Claro que não! Não sou uma prostituta!
- E se te pagasse 1 milhão de dólares?
- Por um milhão eu dormiria com você!

Mais um exemplo. Digamos que eu precisasse trocar o pneu de meu carro. Em determinada situação te peço ajuda; muito provavelmente você fará de bom grado. Agora, por outro lado, imagine que eu te ofereça R$ 5,00 para me ajudar. O que acontece? Certamente você não ficaria eufórico e muito menos disposto a me ajudar a trocar o pneu por R$ 5,00! Talvez você pense: “me ofereça pelo menos R$ 50,00 e começaremos a conversar!”. A ideia é que quando a motivação financeira entra, a motivação social, sentir bem sobre si mesmo, bem em relação à sua ação, simplesmente desaparece.

A ideia básica é a seguinte: de um lado temos as normas financeiras, ditadas pelo mercado – se preciso que alguém execute um trabalho para mim, a construção de uma cassa, por exemplo, definimos o acordo de pagamento, por hora, por dia, por trabalho, etc. Por outro lado temos as normas sociais: se uma pessoa é casada ou está em um relacionamento de longo prazo as trocas não são muito claras.



Só que vivemos no meio desses dois extremos: entre as normas de mercado e as normas sociais. O interessante é que quando se adiciona o fator financeiro geralmente as coisas, as relações tendem a ficar piores.




Voltando ao exemplo da troca do pneu: se pedíssemos a alguém para nos ajudar a trocá-lo sua predisposição seria bem elevada; quando é oferecido pouco dinheiro esta disposição cai drasticamente, enquanto que com muito dinheiro ela tende a subir bastante



Mas o que acontece se você muda a relação para o domínio financeiro, para as normas de mercado? Uma série de experimentos conduzidos por Uri Gneezy e Aldo Rustichini em um jardim de infância mostram os resultados dessa mudança. (disponível em A Fine is a Price)

Algumas vezes, nos jardins de infância, os pais chegam atrasados para pegar seus filhos. O que acontece quando se atrasam? O professor olha para o relógio, olha para o pai, olha para ao relógio... para ter certeza de que o responsável entendeu que ele está atrasado. Os pais sentem-se culpados, se desculpam e tentam não repetir tal comportamento no futuro.

Sob a supervisão de Uri Gneezy e Aldo Rustichini esse jardim de infância introduziu um sistema de multas, de penalidades: se os pais se atrasassem eles teriam que pagar uma multa – algo não muito elevado, na casa de poucos dólares. O que aconteceu? Imagine que você seja um pai/mãe. Você está trabalhando no escritório em uma tarefa importante, olha no relógio e percebe que tem que sair para pegar seus filhos. Mas agora existe a multa. O que você diz? “Bom, agora tem a multa e por esse custo eu prefiro fazer algo mais importante. O jardim de infância pode ficar com meus filhos por mais algumas horas, talvez até umas 19h. Tenho coisas mais importantes a fazer”. O que aconteceu? Subitamente os pais começaram a se atrasar mais, pegar as crianças mais tarde; não existia mais culpa: existia um custo.

Nesse experimento, em algum momento, cancelou-se o sistema de multas, voltando para o sistema anterior. Será que isso seria possível, voltar às normas anteriores?

Ao introduzir uma multa o comportamento foi alterado das normas sociais para as normas de mercado e se tornou impossível voltar atrás

Uma história (verídica) para finalizar.

Na época da crise de 2008 teve uma mulher de Nova Iorque que colocou em anúncio na Craiglist (um tipo de classificado eletrônico nos EUA). Ela dizia ser linda e qualificada, maravilhosa em muitos sentidos. Ela entendia que mulheres lindas deveriam se relacionar com homens que ganhassem mais de $ 500.000 por ano. No anúncio dizia assim: “Eu sou tão bonita quanto essas mulheres que estão namorando homens que recebem $ 500.000 ou mais, mas pessoalmente estou presa, não consigo passar da barreira de $ 250.000; não posso me relacionar com homens que recebem isso e não encontro homens que recebem mais do que isso”. Daí ela pediu conselhos e sugestões de como lidar com tal situação.

O que ela disse muitas vezes é verdade: lindas mulheres casam-se com homens ricos. Essa é uma ideia que pode parecer preconceituosa, mas é uma verdade percebida. Porém, ela fez isso de um modo totalmente explícito.

Imagine que você tem o dinheiro para satisfazê-la e ela é linda o suficiente e vocês poderiam ficar juntos. O que esse relacionamento pareceria? Imagine que na primeira noite ela não queira nada ou não seja uma boa parceira. Seria uma transação bem estranha de beleza por dinheiro.

Porém, um homem retornou o anúncio. Ele escreveu: “Veja bem: sou rico o bastante, recebo muito mais que o montante requerido. E você parece ser muito bonita e acredito ser um acordo razoável. MAS meus ativos, o dinheiro, tendem a valorizar ao longo do tempo; porém seus ativos, a beleza, tenderão a se depreciar. E sob essas condições eu prefiro alugar do que comprar”. Resumindo: a proposta da mulher fez com que qualquer relacionamento migrasse das normas sociais para as normas de mercado, estragando suas chances. (clique aqui para acessar a história completa, em inglês)

Pense sobre seus relacionamentos, pense sobre onde eles estão entre as normas sociais e as normas de mercado e onde eles deveriam estar tanto nos relacionamentos sociais quanto nos relacionamentos de negócios.

Boa reflexão!