Realizar um planejamento financeiro envolve a perspectiva
“presente > futuro”. Fazemos nossas projeções de acordo com as informações
que detemos hoje, de preferência sendo muito conservadores tendendo a ser até
pessimistas: isso tudo para não elevar demais as expectativas e com isso
diminuir as chances de “quebrar a cara”, caso as premissas não se confirmem. Além
do mais, não sabemos dos dados e fatos futuros; temos que usar os atuais e
fazer estimativas de evolução/involução ao longo do tempo futuro que
desconhecemos.
Vamos mudar um pouco o foco: o que você mudaria se
pudesse voltar ao passado, voltar 5 anos da data de hoje? Talvez você mudasse
algumas coisas; talvez mudasse tudo e, consequentemente, a cadeia de
acontecimentos posteriores seria completamente modificada; ou, talvez, não
mudaria nada.
Porém, gostaria de te propor agora um exercício diferente. Em vez
de olharmos da perspectiva “presente > passado”, observemos da perspectiva “futuro
> presente”. Sim, é isso mesmo: suponha que você está no futuro (2017) e que
esteja observando sua vida dos 5 anos anteriores. O que você gostaria de ter feito? O que gostaria de ter
realizado? Com quem gostaria de estar agora? Quais decisões você gostaria de
ter tomado, mas por medo, descuido, ou qualquer outra desculpa, não tomou? Qual
o rumo você gostaria de ter dado à sua vida nesses cinco anos que agora observa? Eu sei que é mais fácil olhar para o passado real (perspectiva “presente
> passado”); porém esse exercício de observar a perspectiva “futuro >
presente” pode te gerar grandes benefícios.
Quais benefícios? Vou explicar. Há algumas semanas tive o
privilégio de ler a obra de Viktor Frankl: “Em busca de sentido”. Inclusive
recomendo que leiam, é simplesmente sensacional! Na terceira e última parte de
seu livro (A Tese do Otimismo Trágico) o autor traz à tona o terceiro aspecto
que ele intitulou da seguinte forma: fazer da transitoriedade da vida um
incentivo para realizar ações responsáveis. Esse terceiro aspecto diz respeito
à morte. Porém, ele também diz respeito à vida, pois a cada instante que a vida
é feita está morrendo e, assim sendo, jamais voltará. E justamente essa
transitoriedade (da vida para a morte) é que deve nos estimular a procurar
sempre fazer o melhor uso possível de cada momento de nossas vidas. Daí faço
questão de te lançar um imperativo de Viktor Frankl: “viva como se você
estivesse vivendo pela segunda vez e como se estivesse agido tão erradamente na
primeira vez como está por agir agora”. Lembre-se que no passado nada fica
irremediavelmente perdido, pelo contrário: tudo fica irreversivelmente estocado
e entesourado.
Você que ainda não colocou suas finanças em ordem, não
sabe para onde o dinheiro está indo, ainda não declarou guerra para suas
dívidas, não se protegeu e criou mecanismos de amparar sua família, não está
realizando sonhos ou mesmo não está guardando dinheiro para pagar seu futuro,
saiba que ainda não é tarde para tomar tais decisões. Eu sei que não dá para
fazer tudo de uma só vez, seja por tempo, por falta de recursos e até mesmo
porque certas decisões, depois de tomadas, dependem de outras pessoas e isso foge
ao seu controle. Mas procure sistematizar: liste tudo o que precisa fazer e
como vai fazer – a partir disso priorize, coloque uma previsão sequencial
daquilo que tem que fazer. Além disso, durante o processo de execução desse
plano de ação, é bem provável que tenha de fazer ajustes. Porém FAÇA! Aliás: FAÇA O MELHOR QUE PUDER!
Então, diante disso, deixo só mais uma pergunta (dentre tantas outras que você mesmo já deve ter criado): como você quer ver
seu passado daqui a 5 anos?