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12 de dezembro de 2010

Humanização e Dinheiro

Esse post foi desenvolvido à pedido de uma leitora. Penso que é altamente válido porque antes não tinha expresso e nem prestado atenção em relação àquilo que faço e acredito; bem, ela me convenceu a escrever sobre Humanização e Dinheiro.


Vamos começar com a tentativa de se definir Humanização.

Para o dicionário, humanização é o ato de humanizar, que por sua vez significa:
1. Tornar humano; dar condição humana a; humanar.
2. Tornar benévolo, afável, tratável; humanar.
3. Fazer adquirir hábitos sociais polidos; civilizar.
4. Bras., CE. Amansar (animais).
5. Tornar-se humano; humanar-se.

Esta primeira consulta semântica leva-nos à pergunta: o que é o humano? Será que podemos assumir que humano é o que é afável, benévolo, como diz o Aurélio? Ou o que é manso? Ou que ainda precisaríamos civilizar-nos?

O fato é que somos seres biológicos, sociais e subjetivos - tudo ao mesmo tempo. Sou ser biológico quando amo; social quando me enraiveço, sou tomado por ódio; subjetivo quando me revolto diante de injustiças... enfim, é tudo ao mesmo tempo.

Hoje em todas as áreas do encontramos uma visão marcante do positivismo. O Positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Assim sendo, desconsideram-se todas as outras formas do conhecimento humano que não possam ser comprovadas cientificamente. Tudo aquilo que não puder ser provado pela ciência é considerado como pertencente ao domínio teológico-metafísico caracterizado por crendices e vãs superstições. Para os Positivistas o progresso da humanidade depende única e exclusivamente dos avanços científicos, único meio capaz de transformar a sociedade e o planeta Terra no paraíso que as gerações anteriores colocavam no mundo além-túmulo (wikipedia). De forma simplista, resume-se à técnica.

Porém, eu discordo dessa visão. Excluir as nuances sociais - que não podem ser controladas, catalogadas e provadas com o nível de rigor que o meio científico exige - e colocá-las como "domínio teológico-metafísico caracterizado por crendices e vãs supertições" é o mesmo que se tentar separar um ser humano das coisas que o tornam único, completo e global; somos muito mais que experimentos ambulantes. Humanizar é garantir a palavra sua dignidade ética. A linguagem, (seja verbal, corporal ou qualquer outra) que expressa os sentimentos de forma tão clara, devido o tom de voz, gestos, trejeitos, é o principal meio que nos permite fazer descobertas com nossos semelhantes. Sem ela, não existe o processo de humanização. A linguagem, no sentido humano de ser, especialmente pelas palavras, do ouvir, do falar, do diálogo, é que faz com que esse processo exista - é a partir dela que podemos expressar os sentimentos, o sofrimento e/ou alegria humanos, as percepções de dor e/ou prazer, etc; e é preciso que as palavras ditas por um sujeito sejam humanizadas pelo outro.

A ciência e a tecnologia não bastam para entender o outro; e isso em nenhuma área ou profissão. Quando esses são os únicos critérios a serem considerados ocorre exatamente o contrário: a desumanização, a não consideração do sentimento do outro.

Como profissional da área financeira e, no final das contas, por falar sobre dinheiro e como lidar com ele, acabo esbarrando em questões humanísticas, que, muitas vezes, nem se trata das finanças em si - mas do ser humano. Quantas vezes já encontrei situações em que as pessoas estão insatisfeitas com suas vidas e, para tentar preencher o vazio que as machucam, gastam feito loucas comprometendo posteriormente as relações sociais, familiares, profissionais. Quando encontro pessoas assim e escuto seus problemas, suas angústias, seus sonhos e desejos, seus objetivos, seus medos e inseguranças, só por escutar (e talvez conduzir para que encontrem a solução) elas por si só se sentem renovadas, revigoradas a continuar e melhorar, porque sentem que são seres com plenas capacidades de serem e fazerem o que quiserem - são livres para escolher o próprio caminho. Parece que ocorre um choque: começam a perceber que o dinheiro (o "vilão" da história) serve como uma forma de facilitar o planejamento e a realização dos sonhos antigos, talvez quase desacreditados e esquecidos. Simplesmente escuto, considero o que o outro está sentindo e procuro conduzir a pessoa para um foco pelo qual ela pode ter novas e boas perpectivas acerca de si mesma e dos outros.

É bem como eu sempre repito e espero sempre repetir nos cursos e palestras que ministro: o que importa não é o dinheiro e nem a quantidade que você tem hoje. O que importa é o que você é ou está se tornando. Mesmo uma pessoa mais simples - se ela CRIAR suas oportunidades, procurar vencer na vida, ir de encontro àquilo que acredita, estudando, procurando fazer o melhor de si sempre (daí ocorre o destaque, o brilho em meio à multidão e à mediocridade) - tem que se preparar para as coisas grandes porque, geralmente, quando elas acontecem, elas vem recheadas de dinheiro; e ele, não muda a pessoa: apenas AMPLIA aquilo que nós somos. Se você é uma pessoa mesquinha, quando tiver dinheiro (se tiver), será uma pessoa muito mais mesquinha; se é uma pessoa generosa, quando tiver mais dinheiro, será muito mais generosa; se é uma pessoa má, terá a oportunidade de ser pior ainda; se o trabalho, o sentido do trabalho, for mais importante que o dinheiro, muito provavelmente ele virá em grande quantidade, mas, no final das contas pouco importará - aliás, será importante para realizar seu trabalho em larga escala, com mais pessoas.

Falo por mim. Até pouco tempo estava disposto a fazer qualquer coisa pelo dinheiro e atingir minha audaciosícima meta de ser milionário até dezembro de 2015. Esse objetivo ainda existe e vou procurar atingi-lo. Porém, existe algo muito maior até, durante e depois de atingir essa meta: pretendo mudar a cultura de uma geração (ou de algumas). Dinheiro, acredito eu, não deixará de existir - é uma forma dinâmica e mensurável de troca-lo por aquilo que queremos ou precisamos. Porém, o hábito, o sentimento em relação a ele (negativo da maioria das pessoas) , ainda permanecem em nossa cultura. E vão persistir por muito tempo, talvez até depois do meu breve período nesse planeta. Contudo, o sentido de meu trabalho, assim espero, persistirá; e, quem sabe, se multiplicará. na medida que essas coisas forem acontecendo, terei que considerar muitos sentimentos, muitas vidas, muitas perpectivas e procurar encaminhar as pessoas da melhor forma possível para a realização de seus sonhos e objetivos; e querendo ou não, falar, ouvir, dialogar, ponderar inúmeras variáveis a fim de organizá-las em um plano pessoal será a minha tarefa. Dinheiro, na maioria dos casos (acredito eu) será mera consequencia. Riqueza é uma palavra que talvez remeta a dinheiro, mas é muito mais que isso: é conforto, qualidade de vida, satisfação de desejos - que em parte o dinheiro pode proporcionar -, mas também é ser rico com amizades, amores, a família, com o ser humano.

Respeito, carinho, atenção, dedicação, ética, solidariedade, transparência, competência, compreensão, justiça e amor - apenas valores, mas os mais ricos valores.

Comentem!

Um comentário:

  1. Fico muito feliz em saber que finalmente alguém postou o Tema : Humanização e dinheiro. Mais feliz ainda por saber que Humanização é acreditar no próximo e apoiá-lo. Desde já fico grata pela dedicação e competência e postar um tema tão delicado. Que para muito pode ser fácil , mas só que realmente vai a fundo sabe a dificuldade de como é distinguir a realidade em um papel.

    Obrigada mais uma vez...

    Enfim, espero que os demais leitores, saboreia esta mensagem assim como eu.

    Att.
    Talita Oliveira

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