Ao final do ano passado a BM&F Bovespa encomendou uma
pesquisa para avaliar o nível de conhecimento sobre investimentos da população
brasileira. Foram entrevistadas 2.000 pessoas em 100 diferentes cidades do
País.
Resultados alarmantes: 27% dos entrevistados considera a
caderneta de poupança o investimento mais arriscado. Vou repetir para
enfatizar: 27% dos entrevistados
considera a caderneta de poupança o investimento mais arriscado. Ao mesmo
tempo, 44% considera a aplicação preferida. Bem paradoxal, não?! Diante disso,
a pesquisa traz a ideia de que brasileiro não gosta de correr riscos; mas se a
poupança é considerada arriscada por que continuam aplicando nela?
Provavelmente por cultura de investimento além da sua simplicidade e facilidade
de aplicação. Porém, essa preguiça mental pode trazer problemas gravíssimos no
futuro.
Sabe-se que inflação é a perda do poder aquisitivo ao longo
do tempo. Ter inflação não é ruim, muito pelo contrário. Porém, esse indicador
deve estar sob controle para que não ocorra alta generalizada em demasia, provocando
a hiperinflação (calma, o Brasil está muito mais evoluído e muito mais sólido:
é provável que não tenhamos os problemas que o País sofreu na década de 80 e
início da de 90, então calma). A captação de recursos em 2012 para a caderneta
de poupança bateu recordes (mais uma vez), porém a “nova” poupança teve o menor
rendimento da história, perdendo inclusive para a inflação.
Pensemos em um exemplo prático: imagine que a primeiro de
janeiro de 20XX você pudesse comprar sua cesta básica a R$ 100,00. Então uma
nota de cem reais bastava, certo? Porém, ao longo do ano, os preços variam.
Digamos que a inflação nesse ano foi de 5%. Você acha que a mesma nota de cem
compra a sua cesta básica? Certamente não. Você precisará de R$ 105,00 para
comprar os mesmos produtos que em janeiro do ano anterior. Lógico que não
funciona “redondinho”, mas a ideia é basicamente essa.
A nova poupança teve rentabilidade acumulada de 2,7464% no
período de julho a dezembro de 2012. (fonte: Portal Brasil).
Fazendo o mesmo processo de acúmulo com o IPCA, de julho a dezembro de 2012, o
índice teve o resultado de 3,4378%. Resumindo: quem tem investimentos na nova
poupança perdeu dinheiro, pois ela rendeu menos que a inflação.
Pouquíssimas pessoas conhecem outras formas de aplicação,
muitas vezes mais rentáveis: menos de 10% dos entrevistados sabem o que é um
fundo DI; cerca de 17% sabem o básico de investimentos compreendendo, por
exemplo, o funcionamento de um fundo de investimentos. É alarmante!
A história econômica nem tão recente assim do Brasil faz com
que as pessoas se mantenham acomodadas: tivemos hiperinflação em que se
deixasse o dinheiro parado para comprar bens reais (imóveis e até mesmo carros
(!!) ) seria mais seguro que aplicar; outros ganhavam muito dinheiro do dia
para noite com aplicações em fundos conservadores de renda fixa – marcas históricas
existem, mas temos que atentar e lidar com a realidade, não com o passado.
A economia brasileira mudou muito: hoje temos uma moeda
estável, a taxa básica de juros encontra-se em patamares históricos super
baixos, temos um sistema bancário forte, acesso a diversos produtos de
investimento que também são simples e mais rentáveis que a própria caderneta de
poupança (ex. Tesouro Direto).
Para quem tem acesso e conhece o mínimo de internet é
comodismo e pura negligência não pensar e estudar sobre educação financeira,
investimentos, economia. Alguns vão falar que são assuntos complexos, chatos, o
que não é verdade. Na medida em que você vai tendo contato regular com o
assunto, as percepções ficam mais rápidas e vai-se construindo pensamento
crítico-investigativo. Não é necessário se tornar um especialista, mas é
importante estar bem informado e atento às mudanças que esse contexto causa
numa parte muito delicada de todas as pessoas: no bolso.
Falta de educação financeira, ignorância sobre esses
assuntos, com certeza, é prejuízo real!
Boa semana e bons investimentos!
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