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6 de março de 2013

Brasileiro é sem educação



Ao final do ano passado a BM&F Bovespa encomendou uma pesquisa para avaliar o nível de conhecimento sobre investimentos da população brasileira. Foram entrevistadas 2.000 pessoas em 100 diferentes cidades do País.

Resultados alarmantes: 27% dos entrevistados considera a caderneta de poupança o investimento mais arriscado. Vou repetir para enfatizar: 27% dos entrevistados considera a caderneta de poupança o investimento mais arriscado. Ao mesmo tempo, 44% considera a aplicação preferida. Bem paradoxal, não?! Diante disso, a pesquisa traz a ideia de que brasileiro não gosta de correr riscos; mas se a poupança é considerada arriscada por que continuam aplicando nela? Provavelmente por cultura de investimento além da sua simplicidade e facilidade de aplicação. Porém, essa preguiça mental pode trazer problemas gravíssimos no futuro.

Sabe-se que inflação é a perda do poder aquisitivo ao longo do tempo. Ter inflação não é ruim, muito pelo contrário. Porém, esse indicador deve estar sob controle para que não ocorra alta generalizada em demasia, provocando a hiperinflação (calma, o Brasil está muito mais evoluído e muito mais sólido: é provável que não tenhamos os problemas que o País sofreu na década de 80 e início da de 90, então calma). A captação de recursos em 2012 para a caderneta de poupança bateu recordes (mais uma vez), porém a “nova” poupança teve o menor rendimento da história, perdendo inclusive para a inflação.

Pensemos em um exemplo prático: imagine que a primeiro de janeiro de 20XX você pudesse comprar sua cesta básica a R$ 100,00. Então uma nota de cem reais bastava, certo? Porém, ao longo do ano, os preços variam. Digamos que a inflação nesse ano foi de 5%. Você acha que a mesma nota de cem compra a sua cesta básica? Certamente não. Você precisará de R$ 105,00 para comprar os mesmos produtos que em janeiro do ano anterior. Lógico que não funciona “redondinho”, mas a ideia é basicamente essa.

A nova poupança teve rentabilidade acumulada de 2,7464% no período de julho a dezembro de 2012. (fonte: Portal Brasil). Fazendo o mesmo processo de acúmulo com o IPCA, de julho a dezembro de 2012, o índice teve o resultado de 3,4378%. Resumindo: quem tem investimentos na nova poupança perdeu dinheiro, pois ela rendeu menos que a inflação.

Pouquíssimas pessoas conhecem outras formas de aplicação, muitas vezes mais rentáveis: menos de 10% dos entrevistados sabem o que é um fundo DI; cerca de 17% sabem o básico de investimentos compreendendo, por exemplo, o funcionamento de um fundo de investimentos. É alarmante!

A história econômica nem tão recente assim do Brasil faz com que as pessoas se mantenham acomodadas: tivemos hiperinflação em que se deixasse o dinheiro parado para comprar bens reais (imóveis e até mesmo carros (!!) ) seria mais seguro que aplicar; outros ganhavam muito dinheiro do dia para noite com aplicações em fundos conservadores de renda fixa – marcas históricas existem, mas temos que atentar e lidar com a realidade, não com o passado.

A economia brasileira mudou muito: hoje temos uma moeda estável, a taxa básica de juros encontra-se em patamares históricos super baixos, temos um sistema bancário forte, acesso a diversos produtos de investimento que também são simples e mais rentáveis que a própria caderneta de poupança (ex. Tesouro Direto).

Para quem tem acesso e conhece o mínimo de internet é comodismo e pura negligência não pensar e estudar sobre educação financeira, investimentos, economia. Alguns vão falar que são assuntos complexos, chatos, o que não é verdade. Na medida em que você vai tendo contato regular com o assunto, as percepções ficam mais rápidas e vai-se construindo pensamento crítico-investigativo. Não é necessário se tornar um especialista, mas é importante estar bem informado e atento às mudanças que esse contexto causa numa parte muito delicada de todas as pessoas: no bolso.

Falta de educação financeira, ignorância sobre esses assuntos, com certeza, é prejuízo real!

Boa semana e bons investimentos!

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