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24 de setembro de 2009

A maravilha (e o risco) da alavancagem no Mercado a Termo

Ontem, na aula de Derivativos, tive um insight - insight esse que muitos já devem ter tido; digamos "o cair da ficha". Vamos por partes. Primeiro falemos do que é o Mercado de Derivativos.

Derivativos é o nome dado à família de mercados em que operações com liquidação futura são implementadas, tornando possível a gestão do risco de preço de diversos ativos. Quatro modalidades de contratos são negociados nesses mercado: a termo (que é o que vou escrever mais adiante), futuro, de opções e de swaps.

Em relação aos Contratos a Termo temos a seguinte definição: são acordos de compra e venda de um determinado ativo que estabelecem um preço entre as partes para a liquidação em uma data futura específica. Esses contratos são instransferíveis e sua negociação pode ocorrer tanto em mercado de balcão quanto de bolsa.

Ok, tudo bem. Até aí está relativamente claro. Porém, ontem o professor Ronaldo Falabella começou a explicar as possíveis operações a Termo. Dentre elas temos:
  • Proteção de preços: em que um aplicador, expectando altas nos preços de uma ação ou de um conjunto delaspode comprar a termo, fixando o preço e beneficiando-se da alta da ação. Normalmente essa operação ocorre assim: não tenho dinheiro para comprar as ações nesse momento; faço o contrato a termo fixando o preço das ações; no prazo estabelecido com a outra parte, faço o pagamento e recebo as ações, já valorizadas.
  • Diversificar riscos: um aplicador quer comprar algumas ações cujas cotações estima estarem deprimidas, porém não quer concentrar todos os seus recursos em apenas um ou dois papéis, para não assumir riscos muito elevados. Adquire a termo quatro papéis, desembolsando apenas a margem de garantia. Essa diversificaçãoenvolve riscos menores do que uma aplicação em ações de uma única empresa, já que a eventual perda com uma ação pode ser compensada com ganhos com as outras três.
  • Operação caixa: para etentores de carteira que precisam de recursos para uma aplicação rápida, mas não querem desfazer de nenhuma ação. A alternativa de vender a vista para imediata compra a termo do mesmo papel permite ao aplicador fazer caixa e, ao mesmo tempo, manter sua participação na empresa.
  • Alavancar ganhos: a compra a termo confere ao investidor que, num dado instante, possua um determinado volume de recursos a possibilidade de adquirir uma quantidade de ações superior à que sua disponibilidade financeira permitiria comprar a vista na quele momento, proporcionando-lhe uma taxa de retorno maior, no caso de elevação dos preços a vista.

Garantias

Pode-se dar de garantia os seguintes ativos: ações negociadas na Bovespa; moeda corrente nacional; títulos públicos; ouro; e CDB, de acordo com cada corretora.

É extremamente recomendável, se assim possível, que prefira dar suas garantias em dinheiro, visto que dentre as outras possibilidades existe a volatilidade dos ativos (pelo menos na maioria).


Certo. Mas aonde quero chegar?

Existem várias outras particularidades, o que pode deixar esse post enorme.

O insight está na última modalidade de operação: Alavancagem.

Imaginem o seguinte (desconsiderando os custos da operação como corretagem, emolumentos, ISS, taxas, etc): um investidor tem 10.000 ações de VALE5 e ela está cotada atualmente em R$ 30,00, por exemplo. Ele quer realizar uma estratégia de alavancagem a termo. Normalmente, as corretoras pedem de 15% a 20% de "margem de garantia" da operação e relação a valor total dos ativos que você está dando de garantia.

10.000 x R$ 30,00 = R$ 300.000,00

Consideremos que essa margem de garantia seja de 20% (R$ 60.000,00); então: R$ 300.000,00 - R$ 60.000,00 = R$ 240.000,00

Agora é a mágica do negócio: você opera com 5 vezes mais em relação ao seu capital principal, ou seja, R$ 1.200.000,00.

Quanto dinheiro, não?! Mas olha só:

Digamos que você está operando com esses R$ 1.200.00,00 e, em determinado momento (no período do contrato) você consegue lucrar: seu capital passa de R$ 1.200.000,00 para R$ 1.500.000,00. Sabe de quem é essa "diferencinha" de R$ 300.000,00? Do investidor, é claro!

A grosso modo, sem considerar custos como dito anteriormente: com uma operação de alavancagem dessas, o investidor aumentou em, aproximadamente, 100% de seu capital. Ou seja: Dobrou!

Lógico que existe o risco de dar tudo errado, você perder na mesma proporção, mas se você for um trader disciplinado, bem informado e coerente, dá pra tomar whisky e dirigir um conversível na Europa de vez em quando! Mas lembrem-se: não estou inferindo que devam fazer essa operação. Esse post é uma explanação de uma possibilidade de mercado, apenas.

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