Busca

10 de junho de 2014

Quer gastar menos? Carregue notas grandes!

Um estudo de 2009, apresentado por Priya Raghubir e Joydeep Srivastava e publicado no Journal of Consumer Research, mostrou que o “efeito valor nominal” faz com que fiquemos menos propensos a gastar dinheiro quando estamos em posse de notas com alto valor (R$ 50,00, por exemplo) e ficamos bem mais propensos a gastar quando o dinheiro está em forma de notas de menor valor (R$ 5,00 ou R$ 2,00).

“The results suggest that the denomination effect occurs because large denominations are psychologically less fungible than smaller ones, allowing them to be used as a strategic device to control and regulate spending.”
Em tradução livre: “os resultados sugerem que o efeito valor nominal ocorre porque grandes valores monetários são psicologicamente menos fungíveis (ou difíceis de serem gastos) do que os pequenos valores monetários, permitindo ser utilizado como um dispositivo estratégico para controlar e regular os gastos”

Resumindo: as pessoas têm barreiras psicológicas quando têm que usar notas com valor nominal elevado (R$ 50,00 ou mesmo R$ 100,00). Você já deve ter experimentado uma “dorzinha” quando gastou aquela notinha azul, com a imagem de uma garoupa (é, aquele peixe na nota de cem reais é uma garoupa!), ou então teve que gastar alguma onça... estou errado? Pois bem, essa sensação desconfortável é chamada de “dor do pagamento”, quando gastar dinheiro traz uma sensação ruim, psicologicamente falando.


Os autores do estudo concluíram que algumas pessoas escolhem intencionalmente receber dinheiro em cédulas de alto valor nominal exatamente com o intuito de não gastarem ou, pelo menos, dificultarem tal decisão. As pessoas consideradas poupadoras (em inglês “tightwads”, que na verdade traz a ideia de “pão-duro” [risos]) preferem notas com valor nominal elevado quando precisam se autocontrolar e notas com valor nominal mais baixo quando esse autocontrole não é tão exigindo. As pessoas consideradas gastadoras (ou, em inglês, “spendthrifts”) não têm uma preferência específica.

“Tightwads may be tightwads because they fear spending even though they are aware that they spend less than they would like to, and spendthrifts may be spendthrifts because they do not fear spending even though they are aware that they spend more than they would like to.”
Em tradução livre: “poupadores podem ser poupadores porque têm medo de gastar mesmo se são conscientes de que gastam menos do que gostariam, e gastadores podem ser gastadores porque não sentem medo de gastar mesmo estando conscientes de que gastam mais do que gostariam”.

É interessante os efeitos que tal coisa pode causar em nossas vidas. Eu adotei várias pequenas práticas psicológicas que me fazem manter a atenção na importância de cuidar bem e saber usar bem o dinheiro que faço. Vou citar duas:
  • A primeira foi justamente a impressão que você teve ao ler “o dinheiro que faço”: não, não tenho máquina de impressão de dinheiro, mas essa forma de falar – “fazer dinheiro” ao invés de “ganhar dinheiro” – é uma das práticas psicológicas que utilizo em meu dia a dia para moldar a minha linguagem e meu pensamento.
  • A segunda é que mantenho comigo uma 'nota-escoteira': uma cédula de cem reais (de verdade, nada de cópia) na carteira para me lembrar constantemente de meus objetivos, para me lembrar se aquele gasto que estou realizando tem sentido, se posso realiza-lo ou não.


Sim, são coisas pequenas, mas que fazem muita diferença ao longo do tempo.

E você? Quais são as suas estratégias psicológicas para gastar menos dinheiro?


Nenhum comentário:

Postar um comentário