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27 de outubro de 2009

O dilema risco-retorno

Em uma economia, sempre existirão os agentes poupadores (aqueles cuja renda supera os seus gastos em determinado momento) e os agentes tomadores (aqueles que precisam, em dado período, gastar mais do que a sua renda). Os primeiros estão dispostos a emprestar seus recursos para os segundos em troca de um “aluguel” que é o juro.

Hoje, diante de um sistema financeiro muito sofisticado, a quantidade de possibilidades é enorme; ou seja, os poupadores podem aplicar seus recursos em diversos tipos de investimentos, com diferentes graus de risco e retorno. Daí a grande dificuldade da escolha.

Além disso, em finanças sabemos que os investimentos que trazem melhores perspectivas de retornos são também aqueles que trazem mais chances de perdas significativas e, com isso, mais risco para o poupador. Porém, os investimentos mais seguros são aqueles que trazem uma perspectiva mais baixa de retorno.

O dilema risco-retorno

É como descreveu Paul Singer em seu livro Para entender o mundo financeiro (Ed. Contexto, 2000): A origem básica do risco é a imprevisibilidade da sina humana, imprevisibilidade que é maior numa sociedade regida não pela tradição e rotina mas por competição e inovação. Esta questão é imensamente controversa. A existência de risco em qualquer contrato que se estende no tempo é incontestável, mas a doutrina neoclássica sustenta que o risco pode ser previsto e medido. Então, não seria propriamente risco, mas uma característica mensurável do prestatário (tomador) o que permitiria ao prestamista (poupador) incorporar à taxa de juros uma taxa de risco que o protegeria inteiramente da eventualidade do sinistro.

Se o risco fosse previsível, a vida no mundo das finanças seria muito mais estável do que é na realidade. A história das finanças é cheia de altos e baixos, em que grandes fortunas são feitas em pouco tempo, nos períodos de boom e perdidas em seguida, nas crises que sempre os sucedem. Em épocas de boom, a inadimplência é mínima e o cumprimento quase integral dos contratos induz os prestamistas a subavaliar os riscos, concedendo créditos com grande facilidade. Em épocas de crise, a inadimplência é generalizada, o que leva os prestamistas a superestimar os riscos e a reduzir a quase nada a concessão de novos empréstimos.

A conhecida alternância de otimismo e pessimismo – ambos acentuados – já é uma boa prova de que a doutrina do risco financeiro calculado e prevenido é falsa. Os agentes financeiros tentam evidentemente avaliar o risco de cada operação e incluir na taxa de juros que cobram a margem de risco que prevêem. Há hoje especialistas em avaliação de riscos e agências cujo único trabalho é dar graus – ratings – a países, instituições financeiras e empresas que devem exprimir a probabilidade “científica” de que venham a descumprir suas obrigações financeiras.

O fato é que, normalmente, é muito difícil a obtenção de investimentos que possuam um nível de risco muito baixo e, ao mesmo tempo, gerem excelentes perspectivas de retornos. Com a facilidade com que as informações se propagam no mundo contemporâneo, principalmente por conta da internet, certamente, se tal situação ocorrer, ela será rapidamente descoberta por algum grande investidor.
Tem-se, assim, um dilema de escolha na escolha de um único investimento:

“Quanto maior o risco, maior tende a ser a expectativa de retorno”.

Portanto, da mesma forma que os investimentos, na captação de recursos, se a empresa for mais arriscada, certamente ela terá um custo maior para obter seus recursos. Caberá, então, à empresa, escolher da melhor maneira como lidar com isso, embora tal escolha certamente envolva diversos elementos subjetivos de cada gestor financeiro e da companhia.

Conclusão

Sem risco, não há recompensa. Estar aberto a aceitar riscos não significa necessariamente estar disposto a perder. As empresas devem correr riscos calculados. Isso quer dizer que as pessoas responsáveis pelas decisões devem pesquisar, realizar as análises necessárias e tomar decisões com base em fatos e informações sólidas. Fazer o que está ao seu alcance, no menor tempo possível e tomar a decisão de ir à luta ou não.

Todos nós temos ciência de que é impossível ter todas as informações de antemão, então o que se deve fazer quando se toma a decisão de correr o risco, principalmente para não perder oportunidades, é: preparar-se no menor tempo possível, agir e corrigir-se no caminho.

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