Todo mundo sabe o quanto é trabalhoso mudar hábitos. Quando
você se compromete definitivamente a mudar ou fazer alguma coisa a tendência é
que consigamos realiza-la. Mas existe um caminho entre o compromisso e a
realização – exige, sim, muito esforço, coragem, determinação e disciplina. E
quando se trata de finanças pessoais, muitas vezes é necessário mudar e
melhorar principalmente a forma como se consome.
É bem como fazer dieta para perder peso: no início, nas
primeiras semanas e até os primeiros meses, é difícil resistir às tentações. O
hábito negativo (ou vício) pode ressurgir várias vezes, e são nesses momentos
que sua força de vontade e resiliência serão testados. Ninguém pode fazer as
mudanças por você – ninguém além de você mesmo, claro...
Uma estratégia, que inclusive está sendo objeto de estudo
nos Estados Unidos, é formar grupos de apoio, bem no estilo dos Alcoólicos
Anônimos ou Vigilantes do Peso – de forma simplista, sabemos que nesses dois
grupos as pessoas recebem orientações de algum especialista que assiste o grupo
em questão, mas, principalmente, compartilham experiências positivas ou não
sobre o que estão tratando. O foco é que as pessoas do grupo (re) construam
suas vidas a partir de realizações semana após semana, atingindo, assim, seus
objetivos: que no caso são, respectivamente, eliminar o vício do álcool e
perder peso para melhorar a saúde. Acesse o link do artigo aqui.
A ideia poderia ser aplicada às finanças pessoais. O grupo
de apoio tem o poder de modificar comportamentos e incentivar as pessoas a
realizarem seus sonhos, a atingirem suas metas. Um estudo realizado por
pesquisadores estadunidenses e chilenos realizaram um experimento com um grupo
de empresários que se encontravam semanalmente para conversar e expor suas
derrotas e sucessos relacionados à suas finanças; além disso, essas pessoas estabeleceram
suas metas de poupança semanal com o propósito de atingirem seus objetivos. O
resultado foi o seguinte: esse grupo de empresários poupou cerca de 11% de sua
renda, duas vezes mais do que um grupo monitorado que não tinha essas reuniões
semanais.
Por outro lado, existem os aspectos negativos. De acordo com
Brigitte Madrian, economista e professora de Harvard que participou deste
estudo, o efeito causado por esse tipo de grupo pode ser contrário. Mesmo
quando a pressão é aplicada na direção certa, muitas vezes acontece um efeito
bumerangue, fazendo com que as pessoas executem exatamente o oposto do que são
incentivadas. Isso foi constatado a partir de outro estudo realizado com um
grupo de funcionários de determinada empresa que relatou que os pares (colegas)
que não receberam a mesma informação que eles conseguiram poupar mais ao
contribuir com um plano de previdência empresarial, o 401(k) [espécie de plano
de aposentadoria muito comum nos EUA]. Por outro lado, a eficácia da pressão
pode também depender se as metas estão ao alcance de forma realista. Daí a
importância de um acompanhamento profissional para esse tipo de grupo: um
planejador financeiro, por natureza da profissão, deve ser a “voz da razão” quando
seus clientes estão sonhando – muitas vezes ele é quem vai dizer se e quando dá
ou não para atingir o que a indivíduo/família deseja com base na situação atual
e, talvez, futura.
Com certeza essa é uma ideia arrojada, mas é um plano que
pode ser melhor trabalhado e, com isso, possivelmente replicado e aplicado no
Brasil.
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