Artigo originalmente postado em Gestor FP.
Estamos quase no final dessa jornada que estuda um pouco sobre o autocontrole. Faltam mais três experimentos (você confere o terceiro logo abaixo) para fechar a pesquisa de Trope e Fishback. Vamos lá!
Estamos quase no final dessa jornada que estuda um pouco sobre o autocontrole. Faltam mais três experimentos (você confere o terceiro logo abaixo) para fechar a pesquisa de Trope e Fishback. Vamos lá!
De
acordo com os estudos de Trope e Fishback, os
dois testes anteriores (primeiro experimento e segundo experimento) investigaram
as táticas que as pessoas usam para avaliar como se comprometem com uma
atividade que tem benefícios no longo prazo, mas algum custo no curto prazo.
Como
vimos, por um lado atividades desagradáveis diminuem a disposição para que
sejam realizadas, sendo que, ao mesmo tempo, podem ativar o controle contra
ativo que, mesmo as atividades sendo desagradáveis, aumenta-se a disposição para
a sua realização. O terceiro estudo examinou a forma pelo qual os impactos que
o reforço da importância da
realização de uma atividade desagradável trariam aos participantes do
experimento. As pessoas podem fazer isso pensando em como uma determinada ação
poderá trazer resultados positivos através do enaltecimento da importância, do
interesse, das vantagens ao desempenhar tal atividade antes de se comprometer com ela ou mesmo decidir por realiza-la.
Os
procedimentos para esse experimento foram iguais aos do primeiro teste (você
pode acessá-lo aqui), exceto pela definição de uma medida para o autocontrole e
para o comportamento: abstinência de consumo de açúcar por 6 horas para um
grupo de participantes e abstinência de 3 dias para o outro grupo de participantes.
A principal diferença é que, após explicado o procedimento aos participantes e
eles terem registrado a importância da realização de tal procedimento para sua
saúde, introduziu-se uma simples pergunta em que o teste tinha a intenção de
extrair informações comportamentais: “Você
pretende realizar o teste?”. Depois disso os participantes eram
dispensados.
Os
resultados coletados nesse experimento reforçaram o que já se previa: os
participantes avaliaram o teste de forma mais positiva quando ele durava mais
tempo (no caso, o teste de 3 dias). Além disso, por haver o reforço da
importância da realização do teste, observou-se que as pessoas tendem a ativar o autocontrole quando são lembradas desse
aspecto, mostrando que elas estavam mais dispostas a tolerar o desconforto
por mais tempo, se necessário (já que o teste era importante).
Como
podemos trazer essa informação para nosso mundo financeiro pessoal? Uma ideia é
manter aquilo que queremos controlar ou alcançar em nosso campo de visão ou
mesmo um contato regular com a ideia.
Exemplifico.
Digamos que eu tenha a intenção de comprar um carro ao final de 12 meses e que
ele custe R$ 20.000,00. O meu desejo é compra-lo à vista tanto para evitar
desperdício de dinheiro pagando juros quanto, até mesmo, conseguir vantagens
diante de uma compra tão vultosa. Meu salário é de R$ 4.000,00 reais e, depois
de fazer um diagnóstico e analisar minha situação, percebo que consigo viver
muito bem com ¾ desse valor, apesar de que tenho o costume de consumi-lo quase que
em sua totalidade. Faço as contas e percebo que para alcançar meu objetivo no
prazo determinado terei de poupar R$ 1.500,00 mensais por, praticamente, 14
meses (aqui estou desconsiderando efeitos inflacionários ou da possibilidade de
aplicação do dinheiro para gerar juros a favor). Nesse momento já dá para se
perceber que terei de fazer um esforço um pouquinho maior, enxugando algumas
despesas para que eu alcance meu objetivo (lógico que isso depende do padrão e
estrutura de custos de vida de cada um).
Ok:
fazer as contas, identificar onde cortar despesas para chegar ao meu objetivo
de poupança, realizar o depósito mensal. Tudo isso é muito lindo, especialmente
no princípio do processo. Mas como eu me mantenho no rumo, até meu objetivo ser
alcançado? Existem diversas formas e uma delas (alinhada ao que o terceiro
experimento apresentou) é, por exemplo, “namorar” o carro desejado – vez ou
outra dar uma olhada no veículo em uma concessionária, ou mesmo na internet,
sempre reforçando a importância de compra-lo com o condicional de que tem que
ser à vista (afinal, esse é o objetivo).
Geralmente,
eu trabalho bastante focado: uma coisa
de cada vez (nosso cérebro não consegue executar duas tarefas ao mesmo
tempo, o que ele pode fazer é alternar a atenção). Então, quando eu desejo
alguma coisa (concluir um projeto de trabalho, comprar algum bem, comprar uma
viagem, etc) eu deixo isso na minha frente, o tempo todo no lugar onde costumo
passar a maior parte do tempo. Quando bate aquela sensação de desânimo, olho
para a foto, para a colagem (ou qualquer coisa que tenha o efeito de chamar
minha atenção para meu objetivo) e lembro do quão seria importante ter ou
alcançar aquilo que eu determinei. Ou seja: constantemente eu reforço a
importância de alcançar a minha meta, seja qual for – diante disso consigo
manter os meus esforços para chegar lá.
No
próximo post falaremos sobre o quarto experimento que procurou avaliar se os
esforços de autocontrole têm uma função não monotônica (nome esquisito, né?!
Mas lá eu explico)
Até!