Não sou economista. Mas pelo que tenho observado em notícias recentemente, parece que o Brasil está entrando numa fase de desaquecimento econômico, ou, de forma mais leve, uma desaceleração devido ao que vem acontecendo no mundo afora. A indústria brasileira, para se ter ideia, está enfrentando desafios que antes eram vivenciados apenas no ambiente de competição internacional: custos, rentabilidade, margens dentre outros itens eram sentidos com bastante força perante gigantes asiáticos, os EUA e a Europa. Mas, como sabemos, as coisas mudaram. O mundo, devido à crise, desacelerou, está em fase de vários ajustes e a economia brasileira (ao menos nos últimos dois anos) continuou forte. Isso chamou a atenção de quem não estava conseguindo crescer (ou ao menos se manter vivo) no mercado. Ou seja: a competição, antes em ambiente internacional, veio para dentro do país.
Para a indústria grandes desafios antigos se tornaram evidentes: custos internos elevados (energia elétrica, impostos, mão-de-obra) e o câmbio valorizado faz com que produzir no Brasil saia mais caro; diante disso as empresas estão importando insumos, o que faz com que os produtos fiquem mais competitivos para elas - alguns economistas dizem que esse fato pode provocar (se já não está provocando) a chamada desindustrialização. Na outra ponta, o varejo também sofre: ao comprar os produtos da indústria nacional, compra-se com um custo mais elevado. Para se ter algum lucro, deve repassar ainda mais caro para o consumidor. Só que tem uma coisa: da mesma forma que para a indústria importar ficou mais barato, para o consumidor também ficou - é mais vantajoso comprar lá fora do que aqui dentro.
Efeito em cadeia: o consumidor importa e não compra do varejo; o varejo não vende (ou vende pouco) porque os produtos estão caros, perdendo competitividade; a indústria não produz no Brasil, mas importa para compor seus produtos que ainda se encontram caros para o mercado nacional. E sabe o que é complicado? O trabalhador tende a sofrer com isso. Apesar de que ainda estamos num momento em que se tem muitos empregos, um fato, relatado no Jornal Valor Econômico (19/03/12 - "Indústrias do ABC paulista sentem queda na demanda e já demitem"), me chamou a atenção. Um jovem, Juliano Fernandes, antes trabalhava como operador de máquinas na produção da dobradiça do porta-malas do Celta, numa fábrica da GM no interior paulista. Ele foi demitido porque, com a diminuição das encomendas, seu trabalho (muito específico) tornou-se desnecessário. Mas o que mais me preocupou, nas palavras do jovem de 19 anos: "Comprei uma moto, mas ainda faltam 20 prestações de R$ 300 para pagar." Ele é jovem, tem tempo, deve estudar, se especializar, com determinação e energia conseguirá um bom emprego em breve.
Mas quero atentar para a decisão de consumo. Já deixo ressalvas de que cada caso é um caso, especialmente quando se trata de assuntos relacionados a aquisição de bens. Mas fico pensando: será que, neste momento, era fundamental a aquisição de uma moto financiada? Faltam ainda R$ 6.000,00 para serem pagos em um pouco mais de um ano e meio que, talvez, pudessem ser direcionados para a melhoria na formação desse jovem e, no médio prazo, possibilitar que ele tenha uma melhor colocação e consequente melhor remuneração. Quantas vezes a gente não depara com esse tipo de situação e, não raro, tomamos a decisão que mais agrada nosso ego e nosso status perante outras pessoas? Como disse, ele deve conseguir trabalho rapidamente. Mas e se fosse outro momento em que as coisas estivessem complicadas? Lembre-se de que o primeiro investimento deve ser numa reserva de emergência e, talvez até antes dependendo do caso, em seguros.
Que reflexão quero trazer com esse post: cuidado com suas decisões de consumo. é bem verdade que tem certas coisas que se não fizermos em algum momento jamais a realizaremos. Mas, mesmo assim, cuidado!
É só para refletir e para relatar o que está acontecendo na economia brasileira e mundial.
Boa semana!
Oi Phillip,
ResponderExcluirParabéns pelo seu trabalho, seu Blog está com artigos muito bons!
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Abraços,
Diego
Bússola do Investidor
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